Ao final da tarde, havia cerca de 200 protestos por todo o país, alguns violentos, contra o aumento da idade da reforma de 62 para 64 anos. Foram registados episódios de vandalismo e confrontos com as autoridades, sobretudo na capital (Paris), Nantes, Rennes e Lorient.
Em Bordeaux, os manifestantes pegaram fogo ao edifício da Câmara Municipal.
O autarca da região, Pierre Hurmic, diz que está chocado e fala num ato criminoso.
França enfrenta, esta quinta-feira, mais um dia de greve geral e protestos. Os franceses saíram à rua contra o aumento da idade da reforma de 62 para 64 anos. É o 9.º dia consecutivo de protestos por todo o país. Foram registados atos de vandalismo e a polícia fez várias investidas. Dezenas de pessoas foram detidas. Há ainda mais de 120 polícias feridos.
Os sindicatos dizem que saíram à rua cerca de 3,5 milhões de pessoas nas ruas de França. No entanto, o Governo francês fala em 1 milhão de manifestantes. Paris, onde há particular tensão, contabiliza 119 mil manifestantes, avança o Ministério do Interior, citado pelo jornal francês Le Monde.
Nas ruas, houve um reforço policial. Só em Paris, foram mobilizados cerca de 5 mil polícias, que falam em “vários protestos selvagens”.
Na capital francesa, os manifestantes partiram janelas e incendiaram objetos e quiosques. Os bombeiros foram chamados para apagar vários focos de incêndio. As autoridades usaram gás lacrimogéneo para conter os protestos no centro da cidade. O correspondente da SIC em Paris, Guilherme Monteiro, dá conta do “difícil" trabalho das autoridades para conter os manifestantes mais radicais.
"Há uma vasta área da cidade que continua com muitas pessoas. As autoridades continuam a fazer investidas, através do lançamento de gás lacrimogéneo, para tentar dispersar estas pessoas, mas há manifestantes que se mantêm de ‘pedra e cal’".
Em Lyon, dezenas de pessoas ficaram com ferimentos ligeiros e, pelo menos, 11 foram detidas, segundo o jornal francês Le Figaro.

O ministro do Interior, Gérald Darmanin, anunciou que 123 polícias ficaram feridos, até ao início da noite. Foram detidas 80 pessoas, 58 delas em Paris, de acordo com o Le Figaro. O responsável anunciou, no Twitter, que vai à sede da polícia em Paris.
A Intersindical que tem lutado contra a reforça nas pensões anunciou um novo dia de greve e manifestações: 28 de março.
Durante a manhã, manifestantes bloquearam estações de comboio, metro, aeroportos e refinarias. Cerca de 30% dos voos no aeroporto de Orly, em Paris, foram cancelados.
Este é o 9.º dia consecutivo de protestos em França contra o aumento da idade da reforça.
Desde a aprovação da reforma do sistema de pensões, que aumenta a idade mínima da reforma dos 62 para os 64 anos, ou que obriga a 43 anos de descontos para receber a reforma sem penalizações, várias cidades francesas têm sido palco de noites consecutivas de protestos que têm acabado em confrontos com a polícia e com o registo de centenas de detidos.
“Macron já não pode governar sozinho”
A líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, diz, numa publicação no Twitter, que o Presidente Emmanuel Macron já não pode governar sozinho.
"A forte mobilização de hoje nas manifestações é um forte sinal que confirma a massiva oposição dos franceses à reforma das pensões. Emmanuel Macron já não pode governar sozinho, deve ora voltar para o povo", escreveu.

Reforma do sistema de pensões
A reforma do sistema de pensões foi aprovada por decreto e sem votação parlamentar, dias depois de o Governo ter sobrevivido a duas moções de censura.
Na passada segunda-feira, o Governo francês liderado por Élisabeth Borne sobreviveu às duas moções de censura apresentadas pela oposição e votadas na Assembleia Nacional (câmara baixa do Parlamento). Numa delas, a margem foi de apenas nove votos.