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“Bomba populacional” pode não explodir como se receia

Novas projeções apontam que a população mundial atingirá um pico de 8,8 mil milhões antes da metade do século e depois começará a declinar rapidamente.

Mercado em Bombaim, Índia
Mercado em Bombaim, Índia
Rajanish Kakade / AP

A população mundial vai provavelmente atingir o pico mais cedo e menos elevado do que o esperado. A notícia é boa, sobretudo para o meio ambiente, mas pode trazer consigo efeitos inesperados e até nefastos para o ser humano.

Atualmente há 8 mil milhões de pessoas a viver na Terra - número estimado e simbolicamente assinalado a 15 de novembro de 2022 pela ONU para chamar a atenção para um planeta em transformação e para a adaptação necessária às consequências do aquecimento global e para questões em torno do consumo dos recursos da Terra.

As projeções da ONU. apontam para um aumento gradual da população: 8,5 mil milhões em 2030, 9,7 mil milhões em 2050 e um pico de 10,4 mil milhões na década de 2080, seguindo-se um período de estagnação até ao final do século.

Mas um novo estudo vem agora revelar que a tão temida “bomba populacional” prevista para meados do século XXI pode não acontecer dado que o número de humanos atingirá um pico menor e mais cedo do que o previsto anteriormente.

O estudo, encomendado pelo Clube de Roma, projeta que, de acordo com as tendências atuais, a população mundial atingirá um pico de 8,8 mil milhões antes da metade do século e depois começará a declinar rapidamente.

Boas notícias… e menos boas

As novas previsões são boas notícias para o meio ambiente: uma vez superado esse pico demográfico, a pressão sobre a natureza e o clima deve começar a diminuir, juntamente com as tensões sociais e políticas associadas.

Mas os autores alertam que a queda nas taxas de natalidade por si só não resolverá os problemas ambientais do planeta, uma vez que estes são causados principalmente pelo consumo excessivo de uma minoria rica.

Populações em declínio também podem criar novos problemas, como a redução da força de trabalho e maiores problemas nos cuidados de saúde associados a uma sociedade cada vez mais envelhecida - como países como Japão e Coreia do Sul já estão a sentir.

Um dos autores do relatório, Ben Callegari, disse ao The Guardian que as descobertas são motivo para otimismo – mas há um problema.

“Temos assim dados que nos levam a nos levam a acreditar que a bomba populacional não vai explodir, mas ainda enfrentamos desafios significativos do ponto de vista ambiental. Precisamos de muito esforço para enfrentar o atual paradigma de desenvolvimento de superconsumo e superprodução, que são problemas maiores do que a população”.

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Estas projeções foram realizadas pelo coletivo Earth4All collective e principais instituições económicas e de ciência ambienta com Potsdam Institute for Climate Impact Research, Stockholm Resilience Centre e BI Norwegian Business School. Foram encomendados pelo Clube de Roma para dar seguimento ao seu estudo seminal Limits to Growth, publicado há mais de 50 anos.