O juiz Clarence Thomas, do Supremo Tribunal dos EUA, aceitou ao longo demais de 20 anos diversas ofertas e regalias de um multimilionário conhecido por financiar o Partido Republicano, segundo uma investigação jornalística divulgada quinta-feira.
Cruzeiros em mega-iates e voos em jato privado foram algumas daquelas ofertas, reveladas pelo diário de investigação em linha ProPublica. Este título avançou que entrevistou "dezenas de pessoas" e consultou documentos internos para provar que o magistrado tinha aceitado aquelas dádivas do empresário Harlan Crow sem as declarar.
A associação Fix The Court (Consertem o Tribunal), considerou, em comunicado, as revelações "espantosas". Esta organização, que pretende uma reforma deste tribunal (SCOTUS, na sigla em Inglês), 'templo' do Direito nos EUA, considerou que as revelações confirmam a necessidade de "uma reinvenção, em grande escala e feita pelos eleitos", da instituição.
Esta não é a primeira vez que o nome de Thomas está ligado a controvérsias. A sua esposa, Ginni, lobista e militante, esteve envolvida na campanha de Donald Trump para provar -- sem o conseguir -- que a eleição presidencial de 2021 lhe tinha sido roubada. Quando as suas mensagens, por SMS e correio eletrónico, foram divulgadas, várias personalidades criticaram o conflito de interesses e defenderam que Thomas se deveria escusar a tomar decisões sobre qualquer processo eleitoral.
Na sua investigação, o ProPublica indicou também que Clarence Thomas se desloca quase todos os anos à propriedade do multimilionário em Adirondacks, no Estado de Nova Iorque, e o acompanha ao 'Bohemian Grove', no Estado da Califórnia, um clube de elite exclusivamente masculino e reservado a personalidades das esferas políticas, artísticas, mediáticas e empresariais.