O Presidente norte-americano, Joe Biden, já está em Belfast, na Irlanda do Norte. O principal objetivo da visita histórica é assinalar os 25 anos do Acordo de Sexta-feira Santa que pôs fim a 30 anos de conflito na região. A deslocação de Biden à Irlanda do Norte acontece numa altura em que o alerta terrorista na região foi novamente elevado para o nível máximo.
O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, recebeu Biden no aeroporto de Belfast, na terça-feira à noite, mas uma reunião bilateral entre os dois só está marcada para quarta-feira. Após cumprimentar e trocar algumas palavras com vários representantes à saída do avião presidencial, Biden entrou no veículo oficial e seguiu para o hotel.

De acordo com a imprensa britânica, o chefe de Estado norte-americano também pediu um encontro com líderes dos cinco principais partidos da Irlanda do Norte: Partido Democrata Unionista (DUP), Sinn Féin, o Partido Unionista do Ulster, o Partido Social Democrata e Trabalhista e o Partido da Aliança.
Tendo em conta que a assembleia de Stormont está suspensa devido a um boicote do DUP, Biden fará em alternativa um discurso na Universidade de Ulster antes de partir ao início da tarde para Dublin, onde permanecerá até sábado.
Visita de Biden sob fortes medidas de segurança
A visita à província britânica acontece num contexto de tensão política e fortes medidas de segurança. Esta terça-feira, a polícia disse ter encontrado quatro bombas improvisadas num local próximo de onde engenhos incendiários artesanais (cocktails molotov) foram arremessados na segunda-feira por simpatizantes republicanos contra veículos das forcas de segurança.
As autoridades aumentaram o nível de alerta há duas semanas devido ao maior risco de atentados terroristas e reforçaram o dispositivo policial com agentes de outras partes do Reino Unido.
Acordo de paz: instituições criadas para unir as comunidades paradas há mais de um ano
O Acordo de Belfast, assinado em 10 de abril de 1998 e também conhecido por Acordo de Sexta-Feira Santa, foi mediado pelos Estados Unidos após intensas negociações.
O acordo pôs fim à violência sectária entre republicanos, maioritariamente católicos, favoráveis à reunificação com a Irlanda e unionistas, maioritariamente protestantes, empenhados em permanecer no Reino Unido.
O conflito durou três décadas e causou cerca de 3.500 mortos e 40.000 feridos. Porém, as instituições políticas descentralizadas criadas na sequência do acordo para unir as comunidades estão paralisadas há mais de um ano devido a divergências relacionadas com a saída britânica da União Europeia.
O DUP recusa viabilizar a assembleia e governo regionais enquanto não forem alterados os acordos comerciais pós-Brexit que deixam o território sujeito a várias regras europeias para evitar uma fronteira física com a República da Irlanda, uma condição do processo de paz.
Programa da visita de Biden
Na República da Irlanda, o programa de Biden inclui encontros políticos e visitas a locais de onde são originários os antepassados.
A família de Joe Biden emigrou, como tantas outras, da Irlanda em meados do século XIX para fugir à fome que assolava o país, e acabou por se estabelecer na Pensilvânia.
Na quinta-feira, o Presidente dos EUA tem encontros marcados com o primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, o Presidente, Michael D. Higgins, e vai fazer um discurso no Parlamento.
Na sexta-feira, o Presidente norte-americano vai deslocar-se até ao Condado de Mayo, onde tem raízes familiares, e fará um discurso na Catedral de Saint Muredach.