O lusodescendente Jack Teixeira foi esta sexta-feira acusado de desviar documentos confidenciais sem autorização.
A decisão foi revelada pelo tribunal de Boston, onde Jack Teixeira foi ouvido. O lusodescendente vai ficar detido até ao arranque do julgamento, no dia 19 de abril.
Jack Teixeira era técnico de informática na Guarda Nacional e terá partilhado documentos ultrassecretos do Pentágono numa plataforma online. Está acusado de vários crimes relacionados com espionagem.
Os documentos classificados divulgados através de redes sociais abalaram várias capitais, desde Washington a Kiev, passando por Seul, com revelações de espionagem dos Estados Unidos a aliados e inimigos e informações militares sensíveis sobre a guerra na Ucrânia.
Jack Teixeira, de 21 anos, é neto de portugueses, mas não tem dupla nacionalidade. A mãe é norte-americana de segunda geração, com origem na Irlanda, e o pai tem origens portuguesas.
O que dizem os documentos confidenciais?
Estes documentos publicados online revelam preocupações dos serviços secretos norte-americanos sobre a viabilidade de uma contraofensiva ucraniana contra as forças russas, devido a problemas de falta de instrução militar e de logística, bem como as preocupações dos Estados Unidos sobre a capacidade de Kiev continuar a defender-se dos ataques de Moscovo.
Discord, a plataforma que terá estado na origem da fuga de informação
As autoridades norte-americanas admitem que a fuga tenha começado na Internet, no Discord, uma plataforma de redes sociais popular entre pessoas que jogam online.
O Discord acolhe chats de voz, vídeo e texto em tempo real para grupos e descreve-se como um site "onde se pode pertencer a um clube escolar, um grupo de jogos ou uma comunidade artística mundial".
Num desses fóruns - originalmente criado para tratar de diversos assuntos - os membros debatiam a guerra na Ucrânia, quando um membro não identificado compartilhou documentos que alegou serem classificados.
Esses documentos acabariam por ser reconhecidos como contendo informações confidenciais do Pentágono.
A pista digital deixada no Discord está a ajudar os investigadores a descobrir quem revelou os documentos, tendo levado até ao administrador do grupo, Jack Teixeira.
