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Sudão decreta 24 horas de cessar-fogo para ajuda humanitária

O país africano vive mergulhado em confrontos entre o exército nacional e as tropas paramilitares. Na base do desentendimento está a luta pelo poder no país entre dois generais desde o golpe de Estado de 2021.

Bombardeamento no Sudão
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Depois de quatro dias de confrontos, o exército e as forças paramilitares do Sudão chegaram a acordo para um cessar-fogo de 24 horas.

“Não queremos expandir as nossas operações. Estamos preocupados com o facto de os nossos cidadãos serem feridos ou de haver vítimas civis devido a este conflito”, confessou o General Nabil Abdullah.

Os soldados das Forças de Apoio Rápido (RSF) contestam as reivindicações da Junta Militar e divulgaram um vídeo alegadamente gravado no interior do aeroporto internacional de Cartum, a capital do país.

Cartum é, agora, uma cidade-fantasma, não tem energia elétrica e está praticamente sem água e sem comida.

A situação humanitária agravou-se com a suspensão dos programas de ajuda alimentar a 15 milhões de sudaneses. O espetro da fome ameaça um terço da população de um dos países mais pobres do continente africano. Sudaneses e organizações internacionais esperam, agora, que seja respeitado o cessar-fogo de 24 horas.

Na origem do atual conflito está a rivalidade entre os dois generais mais poderosos do Sudão: Mohamed Hamdane Daglo e Abdel Fattah al-Burhan.

O primeiro é conhecido como Hemedit, um general beduíno que recusa ceder o controlo sobre os 100 mil homens das RSF, uma unidade acusada de crimes de guerra na revolta do Darfur.

O general Abdel Fattah al-Burhan é o homem forte da Junta Militar que governa o Sudão desde a queda do ditador Omar al-Bashir. Ainda não cumpriu a transição civil e a democratização prometidas aos sudaneses depois de trinta anos de ditadura.