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Dados de vacinação de Bolsonaro, da filha e assessores foram forjados

Imprensa brasileira revela que a alegada falsificação, que levou a buscas numa propriedade do ex-presidente do Brasil, serviu para que pudessem entrar nos Estados Unidos sem cumprir a obrigatoriedade de estarem vacinados contra a Covid-19. Bolsonaro nega as acusações e viu o seu telemóvel ser apreendido.

Jair Bolsonaro à saída de sua casa, em Brasília, depois de ser confrontado por jornalistas devido às suspeitas de ter falsificado dados de vacinação contra a Covid-19 para entrar nos Estados Unidos
Jair Bolsonaro à saída de sua casa, em Brasília, depois de ser confrontado por jornalistas devido às suspeitas de ter falsificado dados de vacinação contra a Covid-19 para entrar nos Estados Unidos
ADRIANO MACHADO/reuters

Os dados de vacinação do ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, de membros da sua família, incluindo a filha de 12 anos, e assessores terão sido forjados para que pudessem entrar nos Estados Unidos sem cumprir a regra imposta para o combate à Covid-19, avançou esta quarta-feira a imprensa brasileira.

A alegada falsificação, investigada numa operação realizada pela Polícia Federal brasileira, levou à detenção do coronel Mauro Cid, ex-ajudante de campo de Bolsonaro, que teria operado a alegada alterações no sistema informático do Ministério da Saúde antes do ex-presidente embarcar para Orlando, a 30 de dezembro de 2022, na véspera de deixar o Governo.

Bolsonaro voltou ao Brasil a 30 de março e também foi alvo de buscas na sua casa, em Brasília.

Além de Mauro Cid, a imprensa local adiantou que foram detidos também dois seguranças militares e o secretário municipal de Governo de Duque de Caxias, João Carlos de Sousa Brecha.

A Polícia Federal referiu que o objetivo do grupo seria manter coeso “o elemento identitário em relação às suas pautas ideológicas, no caso, sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a Covid-19”.

Os factos investigados, segundo as autoridades locais, configuram crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores.

Bolsonaro com telemóvel apreendido nega fraude em certificados

Jair Bolsonaro negou qualquer fraude com certificados de vacinação contra a Covid-19 e reiterou que não foi vacinado contra o coronavírus.

"Nunca me pediram o certificado de vacinação em lugar nenhum e não há adulteração da minha parte. Eu não tomei a vacina, ponto final. Nunca neguei isso", disse Bolsonaro a repórteres em frente à sua residência em Brasília, após o local ter sido alvo de buscas da Polícia Federal.


"Não tomei a vacina e foi uma decisão minha", insistiu Bolsonaro, que durante o mandato (2019-2022) foi um dos líderes mundiais que mais negou a gravidade da pandemia e até manteve campanhas permanentes e duras contra a vacinação.

O líder da extrema-direita brasileira sustentou que a sua filha Laura, de 12 anos, também não tomou a vacina e destacou que apenas a sua mulher, Michelle Bolsonaro, foi vacinada em setembro de 2021 nos Estados Unidos, quando o acompanhou à reunião da Assembleia Geral das Nações Unidas.

Bolsonaro disse ter ficado surpreendido com a operação policial, no âmbito da qual foi apreendido o seu telemóvel e foram detidos seis dos seus colaboradores mais próximos, que o acompanham desde que esteve no Governo.