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Dezenas de detidos no 34.º aniversário da repressão da Praça Tiananmen

A polícia tomou posições neste fim de semana em Victoria Park, em Hong Kong, e arredores para intercetar qualquer pessoa suspeita de participar de qualquer forma de comemoração pública dos eventos de 04 de junho de 1989.

Dezenas de detidos no 34.º aniversário da repressão da Praça Tiananmen
TYRONE SIU

A polícia de Hong Kong deteve este domingo mais de duas dezenas de pessoas, a maioria figuras pró-democracia, no dia em que se assinala o 34.º aniversário da sangrenta repressão da Praça Tiananmen, em Pequim.

A polícia tomou posições neste fim de semana em Victoria Park e arredores para intercetar qualquer pessoa suspeita de participar de qualquer forma de comemoração pública dos eventos de 04 de junho de 1989.

Ano após ano, e assim durante mais de três décadas, dezenas de milhares de pessoas reuniam-se em Victoria Park para uma vigília à luz de velas em memória das vítimas de Tiananmen.

Em 2020, Pequim impôs uma lei de segurança nacional na ex-colónia britânica para travar qualquer dissidência após os gigantescos protestos pró-democracia de 2019.

Detenções por “perturbação da paz”

A polícia de Hong Kong anunciou hoje à noite ter detido 23 pessoas, com idades compreendidas entre os 20 e os 74 anos, por "perturbação da paz".

Entre os detidos esteve a líder da Liga dos Social-Democratas, Chan Po-ying, que segurava uma pequena vela LED - um acessório frequentemente usado nas vigílias comemorativas de 04 de junho de 1989 - e duas flores. A polícia prendeu-a imediatamente, mas foi libertada duas horas depois, segundo fonte do seu partido.

Alexandra Wong, uma ativista pró-democracia de 67 anos, também foi presa enquanto segurava um ramo de flores em homenagem às vítimas da repressão de 1989, assim como o jornalista e ex-presidente da Associação de Jornalistas de Hong Kong, Mak Yin-ting.

Quatro pessoas já tinham sido detidas no sábado

No sábado, a polícia de Hong Kong já tinha detido quatro pessoas por "conduta desordenada na via pública" e "atos para fins sediciosos", e outras quatro por "perturbação da ordem pública".

Este ano, o gigantesco encontro no parque localizado no distrito central de Causeway Bay foi substituído por uma feira dedicada a produtos da China continental e organizada até segunda-feira por grupos pró-Pequim para celebrar o 26.º aniversário da entrega de Hong Kong à China.

Hong Kong tem sido ao longo dos anos a única cidade chinesa a manter a realização de uma vigília à luz de velas em memória de Tiananmen.