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Afro-americana foi morta a tiro por vizinha: caso gera polémica na Florida

Ajike Owens, de 35 anos, foi atingida a tiro quando estava no lado de fora da porta da sua vizinha. As autoridades norte-americanas não identificaram oficialmente a autora do disparo, mas confirmam que não foi detida.

Afro-americana foi morta a tiro por vizinha: caso gera polémica na Florida
John Raoux

O caso de uma mulher que não foi detida, apesar de, alegadamente, ter matado uma vizinha, está a gerar insatisfação entre a comunidade afro-americana no estado norte-americano da Florida.

Ajike "AJ" Owens, de 35 anos, foi atingida a tiro, na sexta-feira, quando estava no lado de fora da porta da sua vizinha, num condomínio em Ocala, norte de Orlando.

A alegada autora do disparo que matou Owens não foi identificada oficialmente pelas autoridades, embora vários media locais tenham noticiado que é uma mulher com quem a vítima teve várias altercações anteriores e, alegadamente, branca.

As autoridades norte-americanas confirmaram apenas que a alegada autora do disparo não está detida.

O xerife Billy Woods, do condado de Marino, centro da Florida, indicou que uma vez concluída a investigação, apresentará os resultados ao procurador-geral distrital para decidir se será emitido um mandado de detenção e quais as acusações a serem formuladas.

Wood abordou, em conferência de imprensa, a polémica lei da Florida “Stand Your Ground” ("Defende-te", em português), que permite a uma pessoa que considera estar em risco de morte ou ameaça física grave utilizar "força letal " em vez de fugir do local.

Discussão terá começado devido a um iPad

O meio de comunicação local Ocala StarBanner observou que, de acordo com os advogados da família da vítima, os quatro filhos de Owens estavam a brincar na rua quando a vizinha os insultou e ordenou que saíssem da sua propriedade.

As crianças saíram, mas deixaram um iPad, que foi levado pelo vizinha.

Quando uma das crianças voltou para recuperar o aparelho eletrónico, a mulher agrediu-o e partiu o ecrã do iPad ao arremessá-lo, de acordo com familiares da vítima.

Depois de saber do ocorrido, Owens foi até à residência da mulher para a confrontar, tendo sido baleada.

O conhecido advogado de direitos civis Ben Crump, que liderou a equipa jurídica da família de George Floyd, o afro-americano assassinado por um polícia em Minneapolis em 2020, criticou na rede social Twitter que a mulher suspeita do disparo ainda não tenha sido detida.

"A mulher não identificada, que alegadamente atirou sobre a nossa cliente através da porta, NÃO foi presa ou acusada de nada pela polícia pelo homicídio", realçou Crump.

Ainda de acordo com o Ocala StarBanner, após a morte de Owens, mais de 250 pessoas reuniram-se na Igreja Batista Missionária New St. John, onde "exigiram justiça".

Nesta segunda-feira foi realizada uma vigília no local para solicitar a ação das autoridades.