Mundo

Líder indiano inicia visita aos EUA com vista a fortalecer laços económicos e militares

Narendra Modi chegou esta terça-feira aos Estados Unidos para uma visita de quatro dias, em que será recebido na Casa Branca, na quinta-feira, perante o protesto de grupos de defesa dos direitos humanos.

Líder indiano inicia visita aos EUA com vista a fortalecer laços económicos e militares
Dita Alangkara

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, chegou esta terça-feira aos Estados Unidos para uma visita de quatro dias, com a intenção de fortalecer laços económicos e militares entre os dois países.

Em várias ocasiões, Biden tem deixado claro que a Índia é um parceiro essencial para enfrentar alguns dos mais exigentes desafios globais no próximos anos, incluindo o combate às mudanças climáticas, a regulação da Inteligência Artificial e o crescente poder da China no Indo-Pacífico.

Contudo, Biden tem sentido o efeito de críticas de várias organizações de defesa dos direitos humanos, que acusam a Casa Branca de fazer demasiadas cedências a um regime que persegue minorias e silencia os seus opositores políticos.

"Sabemos que a Índia e os Estados Unidos são países grandes e complicados", reconheceu o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, perante o Conselho Empresarial EUA-Índia, em Washington, poucos dias antes da próxima visita de Modi.

"Certamente, temos trabalho a fazer para promover a transparência, promover o acesso ao mercado, fortalecer as nossas democracias. (...) Mas a trajetória dessa parceria é inconfundível e cheia de promessas", acrescentou o chefe da diplomacia norte-americana, que também se preparava para partir para uma importante viagem até Pequim.

Muito está em jogo para ambos os lados na visita de quatro dias do líder indiano aos EUA, que se inicia esta terça-feira em Nova Iorque, onde Modi irá reunir com líderes empresariais e com intelectuais.

Na quarta-feira, o chefe do Governo indiano visitará a sede das Nações Unidas em Nova Iorque e na quinta-feira estará em Washington para conversar com o Presidente norte-americano e para ser homenageado pelo Departamento de Estado, num almoço oferecido pela vice-Presidente, Kamala Harris.

Biden quer aproximar a Índia dos Estados Unidos enquanto o seu Governo direciona as prioridades da sua política externa para a Ásia e tenta construir parcerias na região, perante a ameaça da expansão chinesa.

Modi, por seu lado, tenta inaugurar uma era mais próspera para a sua nação de 1,4 mil milhões de habitantes (o país ultrapassou este ano a China como o mais populoso do globo), cumprindo uma promessa que fez quando assumiu o cargo, há mais de nove anos.

O primeiro-ministro indiano espera fortalecer os laços económicos e militares EUA-Índia e não esconde as preocupações com as atividades militares chinesas ao longo da fronteira do Himalaia e no Oceano Índico.

Aliança EUA-Índia

"Com a ascensão da China, a Índia e os EUA precisam um do outro e os EUA precisam de mais aliados no Indo-Pacífico", explicou Jitendra Nath Misra, professor de prática diplomática na O.P. Jindal Global University e ex-embaixador indiano.

O comércio entre os EUA e a Índia em 2022 atingiu valores recorde, a diáspora indiana nos EUA é de quase cinco milhões de pessoas e os países disputam vários mercados comerciais.

Ainda assim, a visita de Estado do líder indiano tem aspetos problemáticos para Biden, que, ao anunciar a sua recandidatura à Casa Branca, prometeu que os direitos humanos seriam uma força motriz na sua política externa.

Recentemente, Modi foi criticado pela sua iniciativa que altera a lei de cidadania do país que acelera a naturalização de alguns migrantes, mas exclui muçulmanos, ao mesmo tempo que é acusado de fomentar a violência contra muçulmanos e outras minorias religiosas por nacionalistas hindus.

Por outro lado, Modi também tem sido criticado nos EUA pela forma limitada como se opôs à invasão russa da Ucrânia, mostrando-se tolerante com o regime do Presidente Vladimir Putin, a quem tem comprado petróleo a baixo preço, para compensar Moscovo das sanções ocidentais.

A Casa Branca de Biden tem pressionado a Índia para que reduza a sua dependência do petróleo russo, mas evitou criticar publicamente a posição de Nova Deli na invasão russa.