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Grécia vai a votos após campanha dominada por migrações e economia

O naufrágio no Mediterrâneo, com apenas uma centena de sobreviventes encontrados num barco em que seguiriam cerca de 750 pessoas, gerou um clima de alta tensão entre os dois principais candidatos a uma vitória nas eleições legislativas.

Grécia vai a votos após campanha dominada por migrações e economia
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A Grécia realiza no domingo as segundas eleições gerais no espaço de um mês, marcadas pela questão da migração após o naufrágio da passada semana no mar Jónico, mas também pelo desemprego e pelo défice comercial.

O naufrágio foi um dos mais trágicos desastres migratórios no Mediterrâneo, com apenas uma centena de sobreviventes encontrados depois de se virar um barco em que seguiriam cerca de 750 pessoas.

Isto gerou um clima de alta tensão entre os dois principais candidatos a uma vitória nas eleições legislativas do próximo domingo: o conservador Kyriakos Mitsotakis e o progressista Alexis Tsipras.

Tsipras - ex-chefe de Governo e líder do partido de oposição Syriza - não escondeu as suas dúvidas quanto à versão da Guarda Costeira sobre o naufrágio e criticou duramente a política de imigração de Mitsotakis, acusando-o de não tratar o resgate das vítimas como uma "prioridade absoluta".

Durante um comício, Mitsotakis - que tenta a reeleição, depois de liderar o Governo grego durante quatro anos - considerou "muito injusto" que Tsipras e o Syriza assumam que os guardas costeiros "não fizeram devidamente o seu trabalho".

"São pessoas que estão a lutar contra as ondas para salvar vidas e proteger as nossas fronteiras", disse o líder conservador, que defendeu a sua política de imigração, classificando-a como "rígida, mas justa", argumentando que o seu Governo conseguiu reduzir significativamente os fluxos migratórios para a Grécia.

O que apontam as sondagens

Segundo as mais recentes sondagens, o partido da Nova Democracia (ND) de Mitsotakis deverá obter 41% dos votos, ficando mais de 20 pontos à frente do Syriza, que deverá ficar pelos 20%.

As percentagens de intenção de voto são quase idênticas às obtidas pelos partidos nas eleições legislativas de 21 de maio, embora desta vez o líder conservador apenas precise de 39% para obter a maioria absoluta no Parlamento de 300 lugares.

Isto acontece graças ao bónus de até 50 lugares para o partido vencedor, que tinha sido eliminado nas últimas eleições, o que acabou por fazer fracassar todas as tentativas de formar Governo.

Problemas económicos e migração dominam campanha

A campanha eleitoral foi essencialmente dominada pelas questões relacionadas com as migrações, o desemprego, que já atingiu 12%, e um défice comercial que continua a preocupar os gregos, que ainda se lembram bem dos efeitos da intervenção financeira externa após a crise de 2008.

Mitsotakis apresentou-se perante os eleitores com a promessa de finalizar as reformas aplicadas pelo seu Governo para que a economia grega continue a crescer, dizendo ser fundamental que o país se aproxime da Europa em termos de salários e padrões de vida.

Tsipras defende uma economia "que funcione para todos" e - depois da derrota do seu partido em maio, quando perdeu um terço do seu eleitorado face a 2019 -- pede agora o voto para que o Syriza se mantena um "partido de oposição forte".

Não faltaram motivos para crítica a Tsipras, durante a campanha eleitoral, apontando a incapacidade do Governo para lidar com o défice comercial acumulado e com o aumento do desemprego, sobretudo junto dos mais jovens.