Mundo

Tensão entre polícia e manifestantes em Nanterre após morte de jovem

Um adolescente foi morto a tiro pela polícia numa operação STOP, sendo este o principal motivo dos protestos que têm acontecido nos últimas dias em Nanterre.

Loading...

Em Nanterre, no arredores de Paris, o protesto pelo jovem que foi morto pela polícia ficou marcada, esta quinta-feira, por mais um episódio de tensão entre as autoridades e manifestantes. A ação, que seria pacífica, acabou por registar vários incidentes.

Os episódios de tensão acontecem noutras cidades francesas, mas é em Nanterre que a situação está mais grave. Com seis mil pessoas nas ruas, a polícia teve de lançar gás lacrimogéneo contra os manifestantes para tentar controlar a situação.

Pelo menos quatro carros foram incendiados por manifestantes.

Na região de Paris e noutras cidades, a noite de ontem também ficou marcada por incidentes violentos. Pelo menos 150 pessoas foram detidas e polícias ficaram feridos em confrontos em Nanterre.

O adolescente que foi morto a tiro pela polícia, sendo este o principal motivo dos protestos que têm acontecido nos últimas dias. A mãe do adolescente apelou, nas redes sociais, a uma marcha branca, perto do local onde o filho morreu.

Os primeiros confrontos contra a polícia eclodiram na terça-feira nos arredores de Nanterre, em Paris, onde Nahel foi morto, tendo o Governo destacado dois mil polícias para manter a ordem, mas os atos de violência recomeçaram após o anoitecer.

A morte do adolescente voltou a trazer para praça pública o debate sobre a violência policial, em particular em bairros pobres e contra minorias étnicas. Há manifestantes que se queixam de um "preconceito crónico na sociedade francesa, sendo um dos motivos de quererem continuar nas ruas como forma de alerta".

Emmanuel Macron, o Presidente francês repudia os “atos de violência” e apela à calma dos protestantes.

“As últimas horas foram marcadas por atos de violência contra uma esquadra, mas também escolas e câmaras municipais, portanto contra as instituições e a República. Esses atos sã absolutamente injustificáveis”, referiu.

Da mesma forma, Macron agradeceu “a todos os que trabalharam durante a noite” para proteger as tais instituições e “trazer a calma de volta”.

Vão ser mobilizados 40 mil agentes

O Governo francês vai destacar, esta noite, 40 mil polícias e gendarmes para impedirem distúrbios, por receio de novos protestos noturnos.

"Vamos fazer todos os possíveis para que regressa a ordem", destacou o ministro do Interior Gérald Darmanin, indicando que a mobilização das forças da ordem prevista para esta noite é quatro vezes superior à força destacada na noite passada. Nos distúrbios da noite de quarta-feira, 170 agentes ficaram feridos sem gravidade.

Fontes da Procuradoria disseram à Associated Press (AP) que a Justiça francesa poderá iniciar uma investigação por "homicídio voluntário".

O procurador de Nanterre, Pascal Prache, afirmou que, com base numa investigação inicial, concluiu que "não estavam reunidas as condições legais para a utilização da arma" por parte do agente.

Foram nomeados dois magistrados para conduzir a investigação, acrescentou Prache, que pediu a prisão preventiva do agente que alegadamente disparou contra o jovem.

A decisão sobre a medida de coação deve ser tomada por outro magistrado. O advogado da família do jovem vítima do disparo, Yassine Bouzrou, disse à Associated Press que pretende que o agente da polícia seja processado por homicídio em vez de homicídio involuntário.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, considerou injustificáveis as "cenas de violência" contra as "instituições da República", referindo-se aos distúrbios da última noite.