Germano Almeida

Comentador SIC Notícias

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EUA-2024, Eleição Decisiva: indesejados mas quase inevitáveis

A campanha Biden-2024 sofre de falta de entusiasmo. Trump mantém um estranho domínio no campo republicano, para quem soma tantos anticorpos para a eleição geral. Os prováveis nomeados não são desejados – mas devem impor-se como inevitabilidade. A análise de Germano Almeida, comentador SIC, a 480 dias da eleição presidencial norte-americana de 2024.

EUA-2024, Eleição Decisiva: indesejados mas quase inevitáveis
BRENDAN SMIALOWSKI

O QUE OS ÚLTIMOS DIAS NOS MOSTRARAM

Joe Biden teve o foco na questão ucraniana e na Cimeira da NATO em Vilnius, mas internamente foi somando a boa notícia da descida da inflação. Só que tudo o resto não exala boas novas para o Presidente: a sua campanha de reeleição não provoca entusiasmo interno e há um candidato não declarado que não para de dar entrevistas bem conseguidas (o governador da Califórnia, Gavin Newsom).

Do lado republicano, Donald Trump mantém-se dono e senhor do jogo. Ron DeSantis tarda em afirmar-se, tanto nas sondagens. Ou seja: o tempo passa e a tendência reforça-se. Biden e Trump não são desejados – mas podem vir a tornar-se inevitáveis.


TENDÊNCIA DEMOCRÁTICA

Joe Biden é o Presidente incumbente e quase de certeza terá um passeio triunfal na nomeação democrata. Mas os receios e até algum desconforto por parte de setores democratas sobre um arranque lento e pouco fulgurante da campanha Biden 2024.

As doações financeiras à campanha de reeleição de Biden estarão a ser prejudicadas por essa falta de entusiasmo – e, em sentido inverso, alguns financiadores democratas estão a abordar eventuais candidatos substitutos. Alguns alimentam, até, a dúvida se Joe Biden, a avançar para os 81 anos, irá mesmo manter até ao fim a campanha de reeleição.

Este sábado haverá um momento importante para percebermos a verdadeira dimensão desse problema de falta de entusiasmo: a divulgação dos números da arrecadação dos primeiros meses da campanha Biden 2024. Atenção a esta comparação: Obama arrecadou, em 2011, 86 milhões de dólares nos primeiros meses da campanha de reeleição. E agora, como será em período homólogo para Joe Biden, em 2023?


TENDÊNCIA REPUBLICANA

Tucker Carlson foi despedido há três meses da CNN, mas a sua popularidade continua forte. Carlson e o ex-assessor da Casa Branca, Neil Patel, estarão a reunir fundos para criar uma empresa “media”, com o Twitter como plataforma crucial.

Essa nova empresa poderá ancorar-se em versões mais longas dos vídeos gratuitos que Carlson publica regularmente no Twitter e terá como modelo mais alargado de negócio um catálogo de assinaturas. A ideia será a de procurar juntar centenas de milhões de dólares para financiar essa empresa. Carlson e Patel foram colegas de quarto no Trinity College em Hartford, Connecticut, onde se formaram em 1991. Em 2010 fundaram em conjunto o site conservador Daily Caller, que Patel ainda controla.

Falta saber que candidato esta possível nova empresa media ultraconservadora poderá apoiar nas primárias republicanas: Donald Trump ou Ron DeSantis?

UMA FRASE

“Se nos culpavam quando a inflação subiu, então agora precisam de nos dar crédito quando ela desacelera. Se estivéssemos aqui a falar de taxas de 9, 8 ou 7%, em vez dos atuais 3%, provavelmente estaria a sugerir que temos algo a ver com isso. Então eu acho que, quando a inflação agora desce, temos que ter uma reação simétrica” (Jared Bernstein, Conselheiro Económico Nacional da Administração Biden)

UMA SONDAGEM

REPUBLICANOS NACIONAL: Trump 53 / DeSantis 21 / Pence 6 / Haley 3,5 / (média de sondagens Real Clear Politics, 14 julho)