A polícia canadiana acusou este sábado um ex-oficial da Real Polícia Montada do Canadá de espiar para a China e de ajudar as autoridades de Pequim a "identificar e intimidar" uma pessoa não identificada.
O ex-agente, identificado como William Majcher, de 60 anos, natural de Hong Kong, segundo comunicado da Real Polícia Montada do Canadá, "alegadamente usou o seu conhecimento e extensa rede de contactos no Canadá para obter inteligência ou serviços para beneficiar a República Popular da China", de acordo com a investigação.
O processo começou no final de 2021 e, segundo a polícia do Canadá, William Majcher "contribuiu para os esforços do Governo chinês para identificar e intimidar um indivíduo fora do alcance da lei canadiana".
William Majcher, que foi preso pela polícia canadiana, compareceu este sábado a um juiz em Montreal e, segundo a agência EFE, é a primeira vez que um indivíduo é acusado no Canadá de interferência estrangeira nos assuntos internos do país.
Esta prisão ocorreu após a imprensa do Canadá publicar, nos últimos meses, notícias dando conta de que os serviços de inteligência canadianos (CSIS) detetaram campanhas de interferência das autoridades chinesas nas eleições gerais canadianas.
Um dos relatórios publicados indicava que o CSIS sabia desde 2021 as autoridades chinesas estavam interessadas em obter informações sobre os parentes do deputado canadiano Michael Chong para lhes impor "potenciais sanções".
Os mesmos relatos identificaram um diplomata chinês em Ottawa, Zhao Wei, na tentativa de localizar familiares do deputado, que se crê vivam em Hong Kong.
Em maio, a ministra das Relações Exteriores do Canadá, Mélanie Joly, anunciou a expulsão do diplomata chinês e declarou que o país não tolerará qualquer forma de interferência estrangeira nos assuntos internos.