Após a noite eleitoral de domingo, em que os resultados terminaram num "bloqueio" pela vitória do PP sem maioria, Ricardo Alexandre, diretor-adjunto da TSF e comentador SIC, explica que Pedro Sánchez tem vantagem negocial e que será difícil para o PP conseguir formar governo.
“Diria que quem tem a chave na mão para formar Governo é Pedro Sánchez, o que ficou em segundo lugar. Ao não conseguir maioria absoluta, o PP deixa nas mãos de Pedro Sánchez a possibilidade de reeditar uma coligação com o SUMAR com a esquerda republicana da Catalunha, ainda que não seja formal”, comentou Ricardo Alexandre.
Mas, para isto, PSOE terá de dar garantias aos partidos que precisa para governar alinharem na sua ideia política para os próximos quatro anos. Daí, sendo que os outros partidos sentem a necessidade urgente de Sánchez, terão a vantagem nas discussões negociais.
"É verdade que os partidos independentistas, nomeadamente os da Catalunha, vão esticar bastante a corda e vão apresentar coisas muito concretas a Pedro Sánchez, há uma da qual não querem abdicar que é difícil de concretizar que é prometer um referendo para a autodeterminação. Isso implicaria uma revisão constitucional um referendo em toda a Espanha a permitir esse referendo na Catalunha, era todo outro filme. Alguma coisa Pedro Sánchez terá de fazer", comentou o diretor-adjunto da TSF.
De acordo com Ricardo Alexandre, "vão ser semanas de duras negociações, Feijóo vai ter iniciativa política de tentar ele próprio formar uma maioria, mas à direita será mais difícil, o próprio discurso do VOX foi de derrota e de culpabilização do PP por não ter conseguido maioria absoluta".
No entanto, a “culpa” não fica assim tão atrás no que diz respeito ao partido de extrema-direita que sofreu com o regresso de parte do eleitorado ao PP, onde houve uma expectativa que conseguisse governar com maioria.
"Foi um regresso de parte do eleitorado do VOX ao PP, de onde saiu e houve a expectativa que o PP pudesse, criado pelas sondagens e uma imprensa mais favorável ao PP, governar sozinho, então houve uma concentração de voto na direita mais moderada", conclui o comentador SIC.
Os resultados
As eleições legislativas de domingo em Espanha terminaram sem maiorias absolutas à esquerda ou à direita, deixando em aberto quem liderará o próximo Governo.
O PP, com 136 deputados, e o VOX, com 33, só conseguiram somar 169 deputados no Parlamento, ficando a sete dos 176 necessários para a maioria absoluta.
O partido socialista (PSOE), que lidera o governo atual, foi o segundo mais votado e elegeu 122 deputados, que com os 31 da plataforma de extrema-esquerda Sumar totalizam 153 lugares.
No entanto, PSOE e Sumar poderão ter mais lugares no parlamento do que a direita e a extrema-direita por causa dos deputados eleitos pelos partidos regionais que tiveram como aliados na última legislatura.
Segundo as contas dos meios de comunicação social espanhóis, o PP, o VOX e outros partidos que em 2019 votaram contra a investidura do atual Governo do primeiro-ministro Pedro Sánchez têm agora 171 deputados, enquanto o bloco que viabilizou o executivo tem 172.