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Polícia brasileira detém suspeito de envolvimento na morte de Marielle Franco

Ex-vereadora e ativista Marielle Franco foi morta a tiro na noite do dia 14 de março de 2018, quando se deslocava de carro pelo Centro do Rio de Janeiro, após participar num ato público.

No Rio de Janeiro, uma mulher usa uma camisola com a imagem de Marielle Franco, no dia em que se assinala um ano do assassinato da ativista brasileira.
No Rio de Janeiro, uma mulher usa uma camisola com a imagem de Marielle Franco, no dia em que se assinala um ano do assassinato da ativista brasileira.
Ricardo Moraes

A Polícia Federal brasileira prendeu no Rio de Janeiro um ex-bombeiro suspeito de estar envolvido no homicídio da ex-vereadora e ativista Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018, anunciaram fontes oficiais.

O detido é Maxwell Simões Correa, apontado como cúmplice do duplo homicídio e que já tinha sido condenado em 2021 a quatro anos de prisão por obstrução à justiça neste caso, embora cumprisse a pena em regime aberto, segundo fontes do Ministério Público.

As investigações apontaram que o ex-bombeiro era o proprietário do veículo que servia para guardar as armas do ex-agente policial Ronnie Lessa, acusado de ser um dos autores do crime que chocou o Brasil e teve ampla repercussão internacional.

A prisão ocorreu no âmbito de uma operação lançada pela Polícia Federal, que incluiu buscas em sete endereços na cidade do Rio de Janeiro e região metropolitana.

Com a chegada ao poder do Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, em 1 de janeiro, o ministro da Justiça, Flávio Dino, criou um grupo especial dentro da Polícia Federal para apoiar as investigações da polícia do Rio de Janeiro com o objetivo de solucionar definitivamente o crime.

Na manhã desta segunda-feira, o ministro informou que Élcio Vieira de Queiroz, outro suspeito que é apontado, juntamente com Ronnie Lessa, como executor do crime, fez um acordo de colaboração com a justiça e apontou a participação do ex-bombeiro nas mortes.

"As provas colhidas e reanalisadas pela Polícia Federal confirmaram de modo inequívoco a participação de Élcio e Ronnie Lessa. Isso conduziu à delação [acordo de colaboração] do Élcio. Ao fazer a delação, ele confessa a própria participação, aponta a participação do Ronnie e acrescenta a participação decisiva do Maxwell. É o início de uma nova fase probatória. Alvos da busca de hoje estão relacionados à delação do Élcio", afirmou Dino.

O ministro brasileiro também disse que houve o envolvimento de outras pessoas e que as investigações "mostram a participação das milícias e do crime organizado do Rio de Janeiro" no homicídio.

Morte de Marielle Franco

Marielle Franco foi morta a tiro na noite do dia 14 de março de 2018, quando se deslocava de carro pelo Centro do Rio de Janeiro, após participar num ato público.

O motorista do veículo em que ela viajava, Anderson Gomes, também foi executado, enquanto uma assessora da vereadora, Fernanda Chaves, sobreviveu.

As investigações sobre o duplo homicídio ainda estão abertas.

Os dois supostos autores materiais, os ex-agentes Elcio Queiroz e Ronnie Lessa, foram presos em 2019, mas ainda não se sabe quem foi o mandante.

O Ministério Público suspeita que tenha sido um crime encomendado.

A ministra da Igualdade Racial do Brasil, Anielle Franco, que é irmã de Marielle Franco, informou nas redes sociais que conversou com Dino e o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, sobre esta nova operação.

"Falei agora por telefone com o ministro Flávio Dino e diretor geral da Polícia Federal sobre as novidades do caso Marielle e Anderson. Reafirmo minha confiança na condução da investigação pela PF [Polícia Federal] e repito a pergunta que faço há cinco anos: quem mandou matar Marielle e por quê?", escreveu a ministra brasileira.