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Ano de 2022 representou fim de ataques contra indígenas brasileiros

O número de indígenas mortos durante o mandato de Bolsonaro totalizou 795 (198,7 por ano), muito maior do que em qualquer administração anterior, de acordo com dados do Conselho Indigenista Missionário.

Ano de 2022 representou fim de ataques contra indígenas brasileiros
Andre Penner

O Conselho Indigenista Missionário (CIMI) do Brasil sublinhou esta quarta-feira, no seu relatório anual, que o ano de 2022 representou o fim de um ciclo governamental marcado por violações e pela intensificação da violência contra os povos indígenas no Brasil.

O relatório anual da organização não-governamental refere-se aos quatro anos de mandato do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, recordando que os "conflitos e a grande quantidade de invasões e danos aos territórios indígenas avançaram lado a lado com o desmonte das políticas públicas voltadas aos povos originários, como a assistência em saúde e educação".

O CIMI lembra ainda, no relatório "Violência Contra os Povos Indígenas do Brasil - dados de 2022", o desmantelamento dos órgãos responsáveis pela fiscalização e pela proteção destes territórios durante os quatro anos de governo Bolsonaro.

Apesar dos homicídios terem caído de um recorde de 216 em 2020, para 203 em 2021 e 180 em 2022, o número total de indígenas mortos durante o mandato de Bolsonaro totalizou 795, para uma média de 198,7 por ano, muito maior do que em qualquer administração anterior, de acordo com dados deste relatório.

Entre 2019 e 2022, houve uma média anual de 373,4 casos de violência pessoal contra indígenas, incluindo assassinatos, ameaças, lesões corporais, ataques racistas, estupros e tentativas de assassinato, em comparação com uma média de 242,5 casos por ano nos quatro anos anteriores.

Os ataques aos territórios indígenas por madeireiros, garimpeiros, fazendeiros e até narcotraficantes foram os que mais cresceram durante o mandato de Bolsonaro, em parte impulsionados pela retórica do então chefe de Estado, segundo o relatório.

Os conflitos sobre direitos de terras indígenas aumentaram gradualmente de 35 em 2019 para 96 em 2020, 118 em 2021 e 159 em 2022, enquanto as invasões em reservas saltaram de 256 em 2019 para 263 em 2020, 305 em 2021 e 309 em 2022.

"O ano de 2022 também encerrou um ciclo de quatro anos em que nenhum território indígena foi criado pelo Governo. Sob Bolsonaro, o Executivo não apenas ignorou a obrigação constitucional de delimitar e proteger as terras dos povos originários, mas também flexibilizou esse direito por meio de projetos e medidas para libertar a exploração das terras indígenas", disse o CIMI.