O Presidente do Níger, Mohamed Bazoum, e o chefe da diplomacia nigerina, Hassoumi Massoudou, rejeitaram esta quinta-feira o golpe de Estado no país, afirmando, em mensagens separadas, que continuam a representar as autoridades legítimas.
"As conquistas duramente alcançadas serão salvaguardadas. Todos os nigerinos que amam a democracia e a liberdade vão zelar por isso", declarou Bazoum, numa mensagem publicada pelas 05:00 GMT, na rede social X (ex-Twitter).
Militares dizem que derrubaram Mohamed Bazoum
A mensagem foi publicada horas depois de militares terem anunciado na televisão que tinham derrubado Mohamed Bazoum, democraticamente eleito em 2021.
“Somos autoridades legítimas e legais”
"Somos as autoridades legítimas e legais", declarou, por sua vez, à rede de televisão France 24, Hamoudi Massoudou, chefe da diplomacia e chefe de governo interino do Níger, na ausência do primeiro-ministro, que se encontrava numa viagem oficial a Roma no momento do golpe.
O responsável insistiu que "o poder legal e legítimo é o exercido pelo Presidente eleito do Níger, Mohamed Bazoum", que se encontra "de boa saúde".
Massoudou, que se encontra na capital nigerina, Niamey, frisou ter ocorrido "uma tentativa de golpe de Estado", que "não foi" iniciado pelo exército.
"Pedimos a esses responsáveis facciosos que regressem às fileiras. Tudo pode ser alcançado através do diálogo, mas as instituições da República devem funcionar", acrescentou, fazendo um apelo "a todos os patriotas e democratas do Níger para que se unam e digam não a esta ação facciosa".
Nigéria vai ser mediadora do conflito
O presidente interino da Nigéria, Bola Tinubu, confirmou que o presidente do Benim, Patrice Talon, vai ao Níger como mediador da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), após o golpe de Estado que o país sofreu.
" [Talon] está agora a caminho da República do Níger", disse Tinubu aos jornalistas, relata a imprensa da Nigéria, país onde está, na capital Abuja, a sede da CEDEAO.
A situação no Níger foi descrita como "grave", tendo os governantes de países vizinhos considerado que é necessário "agir com rapidez".
"Todos os meios necessários serão usados para restaurar a ordem constitucional no Níger, mas o ideal é que tudo ocorra em paz e harmonia. As ações de mediação vão ser reforçadas esta noite para que esta situação se resolva em paz, entre irmãos (...). Esta é a nossa primeira opção e acreditamos que será um sucesso", disse já Talon.
Já a CEDEAO expressou na quarta-feira, em comunicado, "espanto e consternação" com "a tentativa de tomar o poder pela força" e condenou-a "nos termos mais fortes".
O presidente da Comissão da União Africana (UA), Moussa Faki Mahamat, também manifestou o seu repúdio, e qualificou o golpe de Estado como uma tentativa de "minar a estabilidade das instituições democráticas", um ato "semelhante a um golpe de Estado".
Guterres condena "veementemente" golpe de Estado
O secretário-geral da ONU condenou "veementemente a mudança inconstitucional" de Governo no Níger, afirmou o porta-voz de António Guterres, na quarta-feira, depois de militares anunciarem o derrube do Presidente, Mohamed Bazoum.
Guterres está "profundamente perturbado" com a detenção de Bazoum, por membros da guarda presidencial, afirmou o porta-voz Stéphane Dujarric num comunicado.
"O secretário-geral apela à cessação imediata de todas as ações que minam os princípios democráticos no Níger", acrescentou.
Washington pede "libertação imediata" do Presidente
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, pediu a "libertação imediata" de Mohamed Bazoum, líder do Níger, onde soldados cercam o palácio presidencial e afirmam ter tomado o poder.
"Falei com o Presidente Bazoum esta manhã e deixei claro que os Estados Unidos o apoiam firmemente como chefe de Estado democraticamente eleito do Níger. Pedimos a libertação imediata", disse Blinken, em visita à Nova Zelândia.