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Brasil: Lula assina pacto contra o feminicídio na Marcha das Margaridas

Protesto é realizado a cada quatro anos desde 2003, em memória da camponesa e sindicalista Margarida Maria Alves, assassinada em 1983, que se tornou um símbolo da luta das mulheres do campo no Brasil.

Brasil: Lula assina pacto contra o feminicídio na Marcha das Margaridas
UESLEI MARCELINO/REUTERS

O Presidente do Brasil, Lula da Silva, assinou esta quarta-feira um pacto contra o feminicídio como parte de um pacote de medidas do Governo local em apoio às mulheres do campo, que realizam uma marcha em Brasília.

Lula da Silva anunciou essas medidas no encerramento da Marcha das Margaridas, grande mobilização feminista que acontece a cada quatro anos e que juntou dezenas de milhares de mulheres, a maioria camponesas, na capital brasileira.

O governante disse às mulheres presentes na marcha que têm nele "não um Presidente da República, mas um camarada", e exortou-as a lutar pelas suas reivindicações.

"Não vamos tolerar mais discriminação, mais misoginia e mais violência de género. Não podemos conviver com tantas mulheres mortas em suas casas. Não dá para acreditar que seja normal uma mulher ganhar menos que um homem na mesma função. A mulher não é e não pode ser tratada como uma cidadã de segunda classe", afirmou.

Na cerimónia, Lula da Silva assinou uma série de decretos de apoio às mulheres, entre os quais o pacto nacional contra o feminicídio.
Entre as ações contempladas nesse plano, está a entrega de 270 unidades móveis para atendimento e orientação direta às mulheres vítimas de violência.

As restantes medidas anunciadas por Lula da Silva são programas voltados à melhoria do rendimento das famílias camponesas e ao enfrentamento da violência no campo.

Uma dessas medidas anunciadas foi a retoma da reforma agrária, paralisada nos últimos quatro anos pelo Governo do seu antecessor, Jair Bolsonaro.

O Presidente brasileiro anunciou a criação de oito novos assentamentos rurais, a implantação de 5.711 famílias camponesas sem terra e a regularização da situação de outras 40.000 famílias assentadas, mas sem documentos.

Além disso, o Governo brasileiro criou a Comissão Nacional de Enfrentamento à Violência no Campo, destinada a coordenar a ação das instituições envolvidas no combate aos casos de violência contra ativistas que defendem os direitos humanos e o meio ambiente no meio rural.

A Marcha das Margaridas é realizada a cada quatro anos desde 2003, em memória da camponesa e sindicalista Margarida Maria Alves, assassinada em 1983, que se tornou um símbolo da luta das mulheres do campo.