A justiça do Distrito Federal do Brasil condenou esta segunda-feira Walter Delgatti a 20 anos e um mês de prisão por ter invadido dispositivos eletrónicos de responsáveis pela famosa operação Lava Jato.
"Inúmeras autoridades foram hackeadas e não só agentes públicos da Lava Jato", afirmou o juiz Ricardo Leite, ao ler a sentença, acrescentando que "se o intuito, realmente, fosse somente o de reparar injustiças, não teria 'hackeado'", o, na altura, ministro de Estado da Economia Paulo Guedes e Conselheiros do Conselho Nacional do Ministério Público.
Delgatti, que ainda pode recorrer da decisão, foi condenado juntamente com outras seis pessoas no âmbito da Operação Spoofing, realizada pela Polícia Federal em 2019.
De acordo com o juiz da Décima Vara Federal de Brasília, o pirata informático e os seus cúmplices tentaram vender as informações obtidas ilegalmente aos meios de comunicação social por 200 mil reais, cerca de 45 mil euros.
Para além de obter as conversas na rede de mensagens Telegram, Delgatti obteve também os dados bancários de várias vítimas e colocou-os à venda em grupos clandestinos de redes sociais, segundo as provas analisadas pelo juiz.
Na quinta-feira, Walter Delgatti, durante uma comissão parlamentar de inquérito que investiga os ataques de radicais aos três poderes no dia 8 de janeiro, afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro procurou os seus serviços para tentar piratear os sistemas de votação eletrónica.
Segundo Delgatti, Bolsonaro pediu-lhe para invadir o sistema do Tribunal Superior Eleitoral e até lhe prometeu um indulto caso tivesse problemas com a justiça.