O Rei de Espanha começa esta segunda-feira a receber os partidos com o objetivo de indicar o candidato a chefe do governo que terá de ser aprovado pelo Parlamento. Alberto Nuñez Feijóo, do Partido Popular, e Pedro Sánchez, do Partido Socialista, são adversários nesta corrida. A direita venceu as eleições há cerca de um mês, mas sem a maioria absoluta no Parlamento. A esquerda venceu o primeiro grande desafio no caminho para formar governo, conseguiu maioria absoluta para a candidata socialista à presidência do Parlamento. Paulo Sande, advogado e especialista em Assuntos Europeus, considera que Filipe VI tem pela frente uma tarefa “muito difícil”.
“É uma situação muito difícil para já, porque no fundo, alguns dos partidos que, por exemplo, permitiram a eleição da candidata socialista, já vieram dizer que nada está garantido”, começa por referir Paulo Sande.
“Há aqui um problema de fundo, quando quatro partidos, dos quais dependerá a formação desse governo, não vão falar com o Rei porque não respeitam, digamos, as exigências constitucionais”, explica o especialistas em Assuntos Europeus.
Paulo Sande sublinha que “essa é a grande questão neste momento, alguma coisa está mal em Espanha, e quando se perspetiva a possibilidade de um governo profundamente complicado, porque mesmo o Somar que é o principal apoio nesta pretensão de Sánchez, do presidente do PSOE, mesmo o Somar é um conjunto de muitos partidos, portanto, temos uma situação muito fragmentada”.
“A minha opinião, para terminar, é que não haverá amanhã da parte do Rei, não poderá haver, na minha opinião, porque não há apoios nem para um lado nem para o outro garantidos, não haverá da parte do Rei nenhuma investidura e, portanto, nenhum convite a formar governo a um dos dois e depois haverá uma segunda ronda e vamos ver de que forma é que se consolidam as coligações ou os apoios”, considera o advogado.
O especialista em Assuntos Europeus admite ainda que "em última instância, provavelmente Sánchez conseguirá os seus objetivos, mas, repito, vai depender muito, por exemplo, das negociações com os partidos independentistas".