"A humanidade já não deposita a sua esperança nas Nações Unidas"
Mary Altaffer/AP

Terminado

Mundo

"A humanidade já não deposita a sua esperança nas Nações Unidas"

O presidente da Ucrânia irá discursar numa sessão sobre a guerra, onde poderá estar presente o diplomata russo, Sergey Lavrov, ex-embaixador da ONU que decidirá ser (ou não) o “elefante na sala”.

Todo o direto

Este liveblog terminou. Obrigada por nos ter acompanhado.

Maria Madalena Freire

Maria Madalena Freire

Lavrov acusa Kiev de não respeitar minorias étnicas russas

Maria Madalena Freire

Maria Madalena Freire

"A humanidade já não deposita a sua esperança nas Nações Unidas"
BRENDAN MCDERMID/reuters

Sergey Lavrov usa da palavra no Conselho de Segurança da ONU, sem Zelensky presente na sala - tendo já discursado.

“A ordem internacional foi baseada em ruínas e a tragédia da Segunda Guerra Mundial, a sua base foi uma Carta das Nações Unidas sendo a fonte da lei internacional. Graças à ONU, foi evitada uma outra Guerra Mundial, que teria desastre nuclear. Infelizmente, depois da Guerra Fria, o Ocidente, liderado pelos EUA decidiu que determinaria o destino de toda a humanidade com o seu complexo de superioridade ignorou o legado dos Fundadores dos Estados Unidos”, começou Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia.

Lavrov menciona também que os EUA agem de acordo com as suas necessidades, havendo novas tensões geopolíticas provocadas por isso.

O ministro dos Negócio Estrangeiros russo fala sobre as desigualdades do mundo atual e que a Rússia trabalha para que isso não aconteça.

Sucedem-se críticas da Rússia ao Ocidente e à forma como tem apoiado a Ucrânia, sendo o discurso da Rússia igual aos anteriores acusando o Ocidente de prolongar uma guerra que já podia ter terminado.

Lavrov recorda o que motivou ao que a Rússia chama de operação militar especial na Ucrânia, considerando que os ucranianos de origem étnica russa estavam a ser atacados e perseguidos.

As palavras de Lavrov vão no mesmo sentido, acusando Kiev de não estar a proteger as populações da Crimeia e de Donbass, sendo que coube a Moscovo esse papel.

“Quando ouvimos apelos para uma fórmula da paz, para recolocar as fronteiras da Ucrânia de 1991 fronteiras, levanta uma questão: quem é que apela a isto? Estão familiarizados das declarações da liderança ucraniana sobre o que vão fazer com os residentes dos territórios?”, questiona Lavrov.

Lavrov acusa também o Ocidente de encorajar esta política anti-russa, semelhantemente membros da ONU têm encorajado ações da Letónia e Estónia para tirar os direitos de residente de língua russa que são chamados não cidadãos, acusa.

O ministro dos Negócios Estrangeiros aponta as falhas de Kiev em não cumprir os acordos de 2015, a propósito da Crimeia. Desta forma, Moscovo diz que Kiev não protegeu os direitos das pessoas de origem étnica russa e justifica a invasão.

Sergey Lavrov desfia várias críticas à NATO e aos países que pertencem à Aliança, acusando de tentarem criar uma superioridade, para além de que, para a Rússia, a NATO, ao fornecer armamento, faz com que a guerra seja alimentada e prolongada.

Embaixador russo das Nações Unidas presente na sala

Maria Madalena Freire

Maria Madalena Freire

"A humanidade já não deposita a sua esperança nas Nações Unidas"
Mary Altaffer/AP

Enquanto Zelensky discursava no Conselho de Segurança, Vasily Nebenzya, embaixador russo das Nações Unidas assistia. De vez em quando, o representante russo encontrava-se ao telemóvel.

"A humanidade já não deposita a sua esperança nas Nações Unidas"

Maria Madalena Freire

Maria Madalena Freire

"A humanidade já não deposita a sua esperança nas Nações Unidas"
MIKE SEGAR/REUTERS

Zelensky inicia o seu discurso no Conselho de Segurança a agradecer ao chefe de Estado da Albânia por ter colocado a guerra na Ucrânia como assunto prioritário.

Lembra, também, que por algum motivo ainda está presente a Rússia naquele Conselho e a ser membro das Nações Unidas.

“Rússia já matou milhares de pessoas e tornou milhões em refugiados por destruir as suas casas. Maior parte do mundo reconhece a verdade desta guerra: é um agressão criminosa à nossa nação com o objetivo de roubar o território ucraniano e os seus recursos. Mas não só. Sou grato a todos os que reconheceram que a agressão da Rússia e a Ucrânia tem vindo a defender-se”, diz Zelensky.

“A única fonte desta guerra é a Rússia, mas isto não mudou nada. Devíamos reconhecer que a ONU está num impasse, a humanidade já não deposita a sua esperança nas Nações Unidas quando é se trata da defesa de nações soberanas. Os líderes mundiais procuram novas plataformas e alianças.”, completa o presidente ucraniano.

Zelensky relembra que não estaria presente se a Ucrânia não tivesse propostas.

Enquanto o líder ucraniano discursa, está presente o embaixador russo das Nações Unidas, Vasily Nebenzya.

A fórmula de paz da Ucrânia é destacada por Zelensky, especialmente o ponto cinco que é a implementação da Carta das Nações Unidas e a restauração da integridade territorial da Ucrânia.

“Todos no Mundo conseguem ver que a ONU é incapaz de o fazer, este lugar que a Rússia ocupa ilegalmente, através de manipulações de bastidores, cujo trabalho é esconder todas as ações da Rússia de genocídio, e todas as ações da ONU que podiam ter parado esta ação são infrutíferas, pelo poder de veto que existe nas mãos do agressor”

“O sistema atual da ONU deixa todas as nações e estados como menos influência devido ao poder do veto sob a posse de um país: a Rússia”, reforça Zelensky

A ONU é “ineficaz”, diz o presidente ucraniano.

“Tem de haver uma reforma na ONU, para além da representação no Conselho de Segurança, mas também o uso do poder de veto e isto pode ser uma reforma chave e que pode restaurar o poder da Carta das Nações Unidas”, explica.

Zelensky reforça que 574 dias da agressão da Rússia significa 574 razões para mudanças no Conselho e acrescenta que todos querem viver num mundo livre de agressão, “mas em contraste há apenas uns indivíduos obcecados em Moscovo, cujo veto não deve servir quem é obcecado pela guerra”.

“O poder de veto devia ser voluntariamente suspenso, mas podemos observar que a Rússia não vai abdicar deste privilégio roubado”, explica Zelensky e acrescenta que vai ser impossível travar a guerra pelo poder de veto da Rússia.

A Ucrânia considera injusto que mil milhões de pessoas não têm também representação no Conselho de Segurança, como a África, a Ásia, nações como Japão, Índia e o mundo islâmico.

"Há uma necessidade de expandir a ação participativa para todos os membros da Assembleia das Nações Unidas que não são reconhecidas como agressoras", reflete o presidente.

Guterres apela à paz a todas as nações

Maria Madalena Freire

Maria Madalena Freire

António Guterres dá o primeiro passo para o início do Conselho de Segurança da ONU, que deverá focar-se na guerra na Ucrânia, com a presença da Rússia na sala.

“As ferramentas multilaterais das Nações Unidas não tem sido suficientes pelas alterações geopolíticas desde o início da guerra. Não é um quadro adequado para enfrentar as ameaças pelas novas tecnologias. Os países que estão ao abrigo da carta utilizem tudo o que está ao alcance diplomático que priorizem a prevenção de guerras e crises”, começa António Guterres

O secretário-geral refere, também que “as divisões geopolíticas agravadas pela invasão na Ucrânia, ameaçam a estabilidade regional, aumentam a ameaça nuclear, fazem com que haja um mundo mais multipolar".

“As Nações Unidas têm sido claras na condenação desta guerra, com resoluções aprovadas para que a Rússia saia do território ucraniano”, diz.

Guterres recorda que sempre apelou pela paz e sustentabilidade na Ucrânia, em linha com a Carta das Nações Unidas.

“Provas chocantes de crimes contra os direitos humanos que foram documentados incluindo violência sexual, detenções arbitrárias, execuções, perpetradas pela Federação Russa”, refere Guterres.

O secretário-geral relembra que a guerra tem aumentado o custo de vida e desde 2022 a ONU tenta ter impacto através do Mar Negro para arranjar um entendimento com a Federação Russa para a exportação dos cereais ucranianos.

“Nós lamentamos que a Rússia tenha voltado atrás e cancelado o acordo para a exportação dos cereais”, diz Guterres ao referir que embarcações de civis também têm sido ameaçados no Mar Negro.

Esta constante escalada pode causar choque nos mercados e destabilizar toda a região, segundo António Guterres.

Guterres demonstra-se agradecido à Turquia pelos esforços em ter conseguido manter o acordo em pé.

Por último, apela a todos os países para que façam a sua parte para evitar uma escalada futura no conflito e que todos regressem aos fundamentos essenciais da paz.

Zelensky poderá sair da sala se Lavrov falar

Maria Madalena Freire

Maria Madalena Freire

Zelensky disse que não tinha certeza se permaneceria sentado à mesa do órgão de 15 membros se o ministro das Relações Internacionais da Rússia, Sergei Lavrov, falasse, segundo informações da Reuters.

Depois de Nova Iorque, Zelensky viajará para Washington, onde deverá reunir-se com o presidente dos EUA, Joe Biden, e membros do Congresso. Na rede social Telegram, Zelensky disse que também planeia encontrar-se com autoridades militares e empresariais.

Marcelo estará presente, novamente

Maria Madalena Freire

Maria Madalena Freire

"A humanidade já não deposita a sua esperança nas Nações Unidas"

Lusa

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vai intervir esta quarta-feira numa cimeira sobre o clima e num debate aberto de alto nível do Conselho de Segurança da ONU sobre a Ucrânia, em Nova Iorque.

O chefe de Estado chegou no domingo à noite aos Estados Unidos da América e discursou na terça-feira no primeiro dia de debate geral da 78.ª sessão da Assembleia Geral da ONU.

Esta quarta-feira o seu programa inclui a participação, com discursos, na Cimeira da Ambição Climática e num debate aberto de alto nível do Conselho de Segurança sobre "manutenção da paz e segurança da Ucrânia".

Ao fim do dia, o Presidente da República terá um encontro com funcionários portugueses na ONU, na missão permanente de Portugal junto das Nações Unidas.

Zelensky enfrenta alto cargo russo, pela primeira vez desde o começo da guerra

Maria Madalena Freire

Maria Madalena Freire

Diversos líderes mundiais encontram-se presentes em Nova Iorque para a 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas, onde António Guterres, Zelensky e, até, Marcelo Rebelo de Sousa discursaram.

Agora, esta quarta-feira, no Conselho de Segurança, onde o presidente da Ucrânia irá discursar novamente, poderá estar um “elefante na sala” para ouvir: Sergey Lavrov, ministro das Relações Internacionais da Rússia.

Zelensky falará numa sessão especial sobre a guerra no Conselho de Segurança, onde a Rússia é um membro permanente com poder de veto contra quaisquer decisões.

Ainda não é certo se o principal diplomata de Moscovo - e ex-embaixador da ONU - comparecerá à sessão do Conselho de Segurança e enfrentará Zelensky.