Saber como agir no caso de uma emergência pode fazer a diferença na vida do seu animal de companhia. Numa situação imprevista, dificilmente terá tempo para procurar informação adequada, pelo que é extremamente importante estar preparado e informado, conseguir identificar sinais de alerta e saber que passos tomar.
Apesar de os primeiros socorros para animais de companhia não substituírem os cuidados médicos veterinários, podem ser cruciais para salvar o animal até que este seja transportado e devidamente assistido.
A importância de prevenir e preparar
Um passo que não deve mesmo saltar é a prevenção. Estar preparado é meio caminho andado para saber agir num momento de aflição. Para isso, a Cruz Vermelha tem duas recomendações:
- Prevenir acidentes identificando, removendo ou reduzindo o risco de potenciais perigos em casa ou no exterior
- Reunir toda a informação de que possa necessitar durante uma emergência num local de fácil acesso por si ou por qualquer outro membro da família
É neste local de fácil acesso que devem constar o kit de primeiros socorros e os contactos do médico veterinário onde o animal é habitualmente acompanhado e o de um hospital veterinário aberto 24 horas.
O kit de primeiros socorros
Parte importante da prevenção é ter um ou mais kits de primeiros socorros, exatamente “como se fosse aquele das crianças”, explicou à SIC Notícias o médico veterinário André Santos, do Hospital Veterinário do Restelo.
Pode comprar já feito ou fazer o seu próprio kit e o ideal será ter mais do que um e em variados locais: em casa, no carro e qualquer outro sítio frequentado pelo animal.
“Faz sentido ter um kit de primeiros socorros. Como se fosse aquele das crianças. Deve ter, por exemplo, clorexidina, betadine, gaze para tapar feridas e estancar sangue… pensos por exemplo não faz sentido porque os animais têm pelos”, explicou André Santos.
Este kit poderá ainda conter: termómetro, luvas descartáveis, tesoura, soro fisiológico, álcool, água oxigenada, pinça, manta, ligaduras e outros objetos ou medicação direcionados especificamente ao seu animal.
O ideal será consultar o médico veterinário que acompanha os seus animais de companhia, que o ajudará a ‘montar’ o melhor kit.
Como reconhecer que algo está mal?
O médico veterinário André Santos explica que os cães “são mais parecidos com as pessoas” e que, por isso, quando não estão bem, “manifestam mais sinais clínicos do que os gatos”.
“Os gatos escondem mais os sintomas”, mas para que não haja dúvidas, basta estar atento: mudanças de comportamento são um sinal de alerta. Se o gato anda mais afastado ou escondido, pode estar doente.
E quais os ‘sinais vermelhos’ - em gatos ou cães - de que são precisos cuidados veterinários imediatos? “Muita tosse, dificuldade respiratória, barriga inchada, mucosas pálidas, convulsões, ataques epiléticos, febre, diarreias com sangue, animais que não querem comer, que se escondem…”, explica o médico veterinário à SIC Notícias.
E se o meu animal sofrer um acidente?
Em momentos em que são necessárias medidas imediatas para salvar a vida de um animal, como no caso de atropelamento, envenenamento, choque elétrico, ou outras situações de grande risco, é essencial manter a calma.
“Em desespero, o dono pode cometer erros ou não conseguir colocar em prática uma medida simples, mas importante”, lê-se no guia de primeiros socorros para cães e gatos da Anivet.
Depois disso, o animal deve ser deitado de lado e com a parte traseira elevada, de forma a garantir que o sangue chegue ao cérebro e ao coração. Se a temperatura do animal estiver baixa, deve ser tapado com uma manta ou cobertor.
A língua deve ser colocada para fora de um dos lados da boca, de forma a garantir que a respiração não seja obstruída e, em caso de hemorragia, esta deve ser estancada com gaze ou um pano limpo.
No caso de envenenamento, “pode ser provocado o vómito com água oxigenada, mas não com azeite”, diz o médico veterinário André Santos.
Assim que for possível, deve efetuar o transporte do animal para a clínica ou hospital veterinário. Pode ligar antecipadamente a informar que se irá deslocar, mas se a urgência da situação não o permitir, não tem que o fazer.
“O ideal é os donos identificarem os sinais, saberem que hospitais estão abertos e dirigirem-se para lá”.
O transporte deve ser feito no banco de trás do carro, com cinto próprio ou na caixa transportadora. No entanto, “se o animal estiver num estado comatoso pode ir no colo do dono, mas a regra geral é que cumpra os requisitos de segurança”, explica André Santos.
Pode consultar na íntegra o guia de primeiros socorros para gatos e cães da Anivet, com mais informação e indicações para efetuar massagem cardíaca e respiração artificial, e saiba também que há workshops e formações de primeiros socorros que os donos podem fazer.
“É crucial os donos estarem informados”, concluiu o médico veterinário André Santos.