Mundo

Conteúdo sensível

“Tenho 11 anos e vivo com medo”: assim é ser criança em Gaza

Os alertas estão feitos: Gaza poderá tornar-se uma das maiores catástrofes humanitárias dos últimos tempos. E é de lá que surgem relatos arrepiantes. Crianças a sofrer e hospitais em risco de se tornarem “valas comuns” num piscar de olhos. Alertamos para o conteúdo sensível das reportagens.

“Tenho 11 anos e vivo com medo”: assim é ser criança em Gaza
STRINGER

O último balanço de vítimas em Gaza aponta para mais de 1.400 mortos, entre os quais 447 crianças. As organizações internacionais alertam que os ataques israelitas estão a transformar Gaza numa das maiores catástrofes humanitárias dos últimos tempos.

De acordo com o exército israelita, desde sábado foram lançados sobre o território palestiniano mais de quatro mil toneladas de explosivos. Debaixo dos escombros de Gaza haverá dezenas de vítimas.

Loading...

Com recursos cada vez mais escassos, a prioridade é cuidar dos feridos que chegam de forma incessante a hospitais sobrelotados e onde faltam camas, medicamentos e braços para atender tantas pessoas.

“Se os geradores pararem, este hospital será uma vala comum”

“Vivo com medo e ansiedade. É tudo muito assustador. Os israelitas estão a atacar-nos, mesmo quando estamos aqui [no hospital] e estou muito assustada”, conta Remas, uma menina de 11 anos.

Com a única central de distribuição de energia parada pelo bloqueio imposto por Israel, os hospitais dependem de geradores alternativos para continuar a funcionar, mas não deverão conseguir fazê-lo por muito mais tempo.

“Numa unidade neonatal, a maioria dos bebés depende de respiração artificial e, por isso, de eletricidade. No caso de um apagão, dentro de cinco minutos teriamos um desastre em mãos”, conta Naser Bulbul, chefe da unidade neonatal do hospital Al-Shifa.

“Se os geradores pararem, este hospital será uma vala comum”, diz o diretor do hospital, Muhammad Abu Salima.

“Agora somos sem-abrigo”

As organizações internacionais alertam que os ataques israelitas estão a transformar Gaza numa das maiores catástrofes humanitárias dos últimos tempos.

Ao todo, sobre o território, foram disparadas seis mil bombas e quatro mil toneladas de explosivos desde sábado. O número de mortos aproxima-se dos 1.500 e há ainda seis mil feridos e 350 mil deslocados.

Loading...

A situação arrisca-se a piorar ainda mais: Israel insiste que vai manter o cerco total a Gaza até que sejam devolvidos os reféns capturados pelo Hamas.

Sem água, eletricidade, comunicações ou qualquer abastecimento do exterior, o enclave é alvo de uma salva de artilharia a cada 30 segundos, na tentativa de atingir os dirigentes do Hamas, mas numa área densamente povoada.

“Somos civis sem qualquer ligação a organizações políticas. As nossas casas são destroços e toda esta zona foi destruída. Agora somos sem-abrigo e não temos nada para além das roupas no nosso corpo”, conta um dos residentes de Gaza, Abu Youssef Shamiya.

O Governo israelita garante que Gaza vai ficar sem água, combustível ou acesso a ajuda humanitária até à libertação dos cerca de 150 reféns capturados no sábado.