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Guerra Israel-Hamas: "Tanto um lado como o outro terão cometido crimes de guerra"

O comentador da SIC Germano Almeida considera importante a intervenção do TPI, sublinha que a operação de Israel é "multilateral: terrestre, marítima e aérea" e afirma que o Irão está a "deitar mais achas para a fogueira".

Campo de refugiados em Khan Younis, sul da Faixa de Gaza
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O procurador-geral do Tribunal Penal Internacional, Karim Ahmad Khan, disse esperar "poder entrar em Gaza" e ir a Israel para investigar o ataque do Hamas e a subsequente resposta militar israelita na Faixa de Gaza. O fim de semana ficou marcado por uma intensificação dos ataques por parte de Israel, não apenas terrestre, “é uma operação multilateral terrestre, mas também marítima e aérea”, explica Germano Almeida.

“Tendo em conta o que aconteceu nas últimas 3 semanas, claramente há uma ideia que tanto um lado como o outro terão cometido crimes de guerra. Depois, há enquadramento legal, sobretudo a responsabilização que é preciso fazer”.

Os Estados Unidos estão a tentar mostrar Israel que, para poder ter legitimidade para ter o direito de se defender, tem que evitar cometer crimes de guerra e cumprir o direito Internacional humanitário.

Intensificação de ataques por parte de Israel

No último fim de semana, houve uma grande ameaça de intensificação de ataques por parte de Israel, com avanços militares significativos

"Há duas ideias que temos de ter no fim de semana. Primeira a ofensiva israelitas está a avançar e a agravar. De acordo com o exército Israelita, as operações no terreno estão a expandir. A segunda é que não é como se imaginava: um dia de repente começar a grande ofensiva terrestre.

Não deve ser utilizada a expressão grande ofensiva terrestre, explica Germano Almeida:

"É uma operação multilateral terrestre, mas também marítima e aérea e não vai ser de um dia para o outro. Já começou há três semanas, tem diferentes fases e terá começado neste fim de semana uma segunda fase, mais terrestre, com mais tropas israelitas em Gaza, mas localizada a Norte. Israel não vai ocupar Gaza toda, vai fazer operações crescentes para terminar com a capacidade de o Hamas voltar a atacar Israel.

“O Irão está a deitar mais achas para a fogueira”

Com o intensificar desses ataques durante o fim de semana, os países em torno de Israel, e aqueles que se receiam que se juntem a este conflito, subiram o tom, como foi o caso das declarações do Presidente do Irão.

“O Irão, por muito que diga que não teve nada a ver com 7 de Outubro, está a fazer tudo para deitar ainda mais achas para esta fogueira. O Presidente Raisi disse claramente que Israel está a passar as linhas vermelhas e que isso vai ter consequências. Está claramente a insinuar que outros países podem entrar no conflito, incluindo o próprio Irão".

Os EUA têm lançado avisos ao Irão para que não entre no conflito, não o faça diretamente e não instigue os seus “proxys” a atacarem a Israel. No fim de semana Israel e o Hezbollah entraram em ações diretas.

“Da parte da diplomacia hoje o ministro da Defesa da Arábia Saudita, Khalid bin Salman, irmão do príncipe regente Mohammad bin Salman, vai estar em Washington para falar com Blinken com Austin, com Sullivan, a Arábia Saudita quer também fazer parte de algo que tem a ver com os Estados Unidos estão a fazer que é evitar que outros países na região entrem neste conflito”.

Ajuda humanitária a Gaza

Há pessoas a morrer e a precisar de ajuda em Gaza e os apelos para que a ajuda humanitária entre mais rápido de forma mais regular não estão a ser atendidos.

“Tem a ver com Israel achar que aceitar uma pausa humanitária, um cessar-fogo, é dar margem ao Hamas para evitar que Israel cumpra o seu direito de defesa”.