O colo torna-se num último adeus. Uma mulher palestiniana abraça o cadáver de uma criança, que morreu na sequência de um ataque aéreo à cidade de Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza. O luto é o sentimento que tem marcado a região desde o início do conflito.
A fotografia foi tirada por Mohammad Salem, durante uma visita ao necrotério do hospital Nasser, em Khan Younis, a 17 de outubro. Duas semanas depois, a Reuters encontrou a mulher que protagonizou a imagem. Chama-se Inas Abu Maamar e a criança que agarrava ao colo era a sua sobrinha de cinco anos, chamada Saly.
Inas conta que a casa dos tios foi uma das atingida pelo ataque israelita. Morreram o tio, a tia de Inas, assim como a mãe e a irmã de Saly. Depois do bombardeamento, Inas correu à casa dos tios e, depois, para o necrotério do hospital. Foi aí que encontrou a sobrinha.
“Perdi a consciência quando vi a menina, peguei-a nos meus braços”, conta a mulher. “O médico pediu-me para a deixar… mas eu disse-lhe para a deixar comigo”, conta à Reuters.
A relação entre Saly e Inas era muito próxima. A criança costumava passar por casa da avó quando ia para o jardim de infância, pedindo à tia que lhe tirasse fotografias. As imagens permanecem no telemóvel de Inas.
O irmão de Saly, Ahmed, tem quatro anos e foi o único que sobreviveu ao ataque. Estava, na altura, fora da casa. Passou a viver com Inas e, apesar de falar pouco, pergunta muitas vezes por Saly.
Mais de 3.600 crianças morreram na Faixa de Gaza desde que começou o conflito entre Israel e o Hamas, após os ataques de 7 de outubro. Muitos dos nomes das vítimas nunca serão conhecidos.