O Professor de Política Internacional do Médio Oriente da City University (Londres) Amnon Aran afirmou que o discurso do líder do Hezbollah visou sobretudo "baixar a tensão" do lado de Israel, mas será insuficiente.
Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, anunciou que o grupo já está envolvido na ofensiva do chamado "eixo de resistência" contra Israel, mas disse que a expansão da guerra para o resto da região vai depender dos desenvolvimentos na Faixa de Gaza, onde Israel está a atacar o Hamas.
A troca diária de artilharia na fronteira entre o Líbano e Israel já resultou em 57 mortos entre membros do Hezbollah e Hamas e sete soldados israelitas.No entanto, disse Aran, a posição do Hezbollah pode ter um efeito nas operações de Israel em Gaza.
"A única coisa que poderia possivelmente atrasar o avanço neste momento seria o Hezbollah efetivamente lançar um conflito em pleno. Se isso não acontecer, terá um impacto grave no Hamas".
O discurso de Nasrallah foi quase uma "justificação sobre o porquê do Hezbollah não estar a declarar uma guerra total" contra Israel.
"Primeiro disse uma e outra vez que o Hamas tomou a decisão sozinho, portanto ele absolveu-se a si mesmo da responsabilidade de estar envolvido e, segundo, ele deu muitas justificações para mostrar que o Hezbollah já faz parte do conflito", disse.
Além disso, defende Aran, Nasrallah tentou argumentar que o impacto do Hezbollah já é significativo, especialmente no que diz respeito à deslocação das forças israelitas para a fronteira norte.
Amnon Aran disse que Nasrallah procurou ainda proteger o Irão, reforçando a imagem do Hezbollah como defensor do Líbano, ao mesmo tempo que reconhecia a pressão dentro do Líbano para não abrir uma segunda frente de guerra.
“Penso que estava também a falar para o público interno no Líbano e, mais uma vez, a tentar encontrar um equilíbrio entre o Hezbollah como defensor do Líbano, como Nasrallah sempre alega ser, por um lado, mas, por outro lado, acho que ele está bem consciente das muitas vozes no Líbano que pediram ao Hezbollah que não abrisse uma segunda frente devido à devastação que seria esperada com uma retaliação israelita”.
Hassan Nasrallah emitiu um aviso a Israel e aos seus aliados, especialmente os Estados Unidos, dizendo que o lançamento de um ataque preventivo seria um "erro grave", prosseguindo os seus esforços de longa data para dissuadir Israel.
"Pode ser uma tentativa de Nasrallah para baixar a tensão no lado israelita, mas tenho quase a certeza que os israelitas não vão cair nessa", disse Amnon Aran.