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Israel ordena pela primeira vez retirada de civis do sul de Gaza

"Para sua segurança, deve evacuar rapidamente o seu local de residência e dirigir-se a refúgios conhecidos", indicou o Exército israelita em panfletos lançados pelo ar.

Israel ordena pela primeira vez retirada de civis do sul de Gaza
NEIL HALL

O Exército israelita ordenou esta quarta-feira a retirada de comunidades do sul de Gaza, pela primeira vez desde o início da guerra com o Hamas, após forçar a deslocação de 1,1 milhões de pessoas de norte para sul do enclave.

"Para sua segurança, deve evacuar rapidamente o seu local de residência e dirigir-se a refúgios conhecidos", indicou o Exército em panfletos lançados pelo ar e dirigidos às comunidades situadas no leste do município de Khan Younis: Al Qarara, Khuzaa, Bani Suheila e Abasan, no sul do enclave.

"As ações do Hamas e das organizações terroristas obrigam as Forças de Defesa de Israel (FDI) a atuar contra eles nas suas zonas de residência. As FDI não estão interessadas em provocar danos a si ou às suas famílias", assinalam os panfletos, segundo confirmaram à agência noticiosa Efe vários residentes locais.

Em 13 de outubro, uma semana após o início do atual conflito, o Exército judaico ordenou a retirada em direção a sul de 1,1 milhões de pessoas que viviam na parte norte da Faixa de Gaza -- metade da sua população --, antes de iniciar por esse flanco a incursão terrestre que o conduziu à cidade de Gaza e ao posterior avanço para o centro do enclave.

Esta deslocação forçada, o maior êxodo da população palestiniana desde a Nakba (1947-1948), implica que quase dois milhões de pessoas estejam atualmente a sul de Wadi Gaza, um rio situado no centro do território.

Agora, o Exército israelita exige a retirada as populações que estavam fixadas a sul deste rio.

As FDI têm referido que vão destruir toda a "infraestrutura terrorista" do Hamas no norte da Faixa e Gaza, através de sistemáticos bombardeamentos por terra, mar e ar, e exigiram à população palestiniana que se deslocasse para a zona sul "mais segura", apesar de também ali se terem registado ataques em diversos locais, incluindo contra os designados "corredores humanitários".

Na sua mensagem, o Exército assinalou que "quem estiver perto de terroristas ou de instalações põe em perigo a sua vida" e que "vão ser atacados todos os locais utilizados por organizações terroristas".

"Atuar de acordo com as instruções das FDI evita que vós, os civis, sofram danos", conclui o panfleto.

Intensos combates continuavam a decorrer entre forças militares israelitas e as milícias Izz ad-Din al-Qassam, o braço armado do Hamas, e outras formações armadas palestinianas no norte de Faixa de Gaza, onde 1,65 dos 2,4 milhões de habitantes do território já foram deslocados na sequência da ação militar de Israel, indicou o Gabinete de coordenação dos assuntos humanitários da ONU (Ocha).