O Hamas tem eco em todo o mundo e repete-se, agora, em dezenas de línguas e diferentes sotaques. O movimento de resistência islâmica criado em Gaza, em 1987, está baseado numa ampla rede de ajuda social e também no braço armado Izzedine al-Qassam.
O Hamas tem jardins infantis, escolas, universidades, organizações de ajuda aos pobres e um exército com mais de 30 mil membros dispostos a morrer para matar.
Por um lado lutam contra o analfabetismo e ensinam o Corão a toda a população de Gaza. Mas por outro, chamam à guerra santa, a Jihad, fabricando rockets, mísseis e 500 km de túneis subterrâneos, o chamado metro de Gaza.
Em 2006 ganharam as eleições legislativas da Autoridade Palestiniana. Um ano depois, aproveitaram que Israel se retirou de Gaza e o Hamas fez um golpe de Estado na Faixa de Gaza, expulsando, assassinando e torturando membros do grupo político do Presidente Mahmud Abbas, a Al Fatah.
Em 2007 Gaza passou a ser o primeiro território totalmente governado por um grupo islâmico no mundo árabe.
Em todas as entrevistas, os fundadores do Hamas citavam a carta fundacional da organização. Segundo esta, o objetivo é aniquilar o Estado de Israel e criar um estado islâmico em todo o território cuja lei seria a lei islâmica Sharia.
"Exigimos os nossos direitos. Nós, o povo palestiniano, sabemos como a nossa terra, os nossos lugares sagrados e o nosso povo estão sob ocupação. Quando os nossos direitos nos forem concedidos e não houver mais ocupação das nossas terras e do nosso povo, depois disso tudo será possível", referiu, em 2003, o Ahmed Yassin, fundador do Hamas.
Mas o Hamas também se opõe a um Estado Palestiniano independente que seria um Estado laico e é por isso que na Cisjordânia, o Hamas é perseguido pela Autoridade Nacional Palestiniana, que mantem na prisão de Jericó centenas de ativistas islamistas.
Já em Gaza, centenas de milhares de pessoas dependem do Hamas para receber educação e ajuda médica.
Braço político e o braço militar são duas caras da mesma moeda
"Um homem faz sempre muitas coisas, principalmente quando precisa de alguma coisa, mas devemos ser modestos para nos desenvolvermos da melhor forma possível. A nossa intenção é conseguir a vitória. Ou somos mártires ou libertamos a nossa pátria.", conta Ahmed Yassin.
Israel ocupou Gaza em 1967 durante a Guerra dos seis dias. Até esse momento, Gaza era governada pelo Egito.
Nos primeiros 20 anos de ocupação israelita, o número de mesquitas multiplicou-se. Isso, porque nesse momento os islamistas não eram vistos como uma ameaça e o principal inimigo era o Al-Fatah.
Contudo, no dia 7 de outubro "o sábado negro", 3 mil homens do Hamas provocaram um massacre a Israel que vai ser lembrado durante décadas.