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Onda de calor no Brasil resulta em mais de 3.000 incêndios em duas semanas

Organizações não-governamentais tentam salvar espécies protegidas no Pantanal brasileiro, a maior área húmida do mundo. Em 2023, os incêndios mais do que triplicaram em relação ao ano anterior.

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Grande parte do Brasil está a ser atingida por uma vaga de calor, que está a resultar em incêndios de enorme envergadura. O governo de Lula da Silva decidiu recrutar o exército para ajudar a combater as chamas no Pantanal.

É à noite, quando as temperaturas descem significativamente, que o combate aos fogos é mais eficaz.

No combate às chamas, aos bombeiros junta-se também o exército e várias organizações não-governamentais, que estão a desempenhar uma missão crucial: tentar salvar espécies protegidas.

Segundo o veterinário Enderson Barreto, os invernos no Pantanal costumavam ser secos e os verões, quentes e chuvosos. Mas, o clima está a mudar e é urgente preservar o bioma com a maior diversidade do mundo.

Em todo o mundo, as ondas de calor tornaram-se sete vez mais frequentes nos últimos 70 anos, sendo a atual vaga a oitava a afetar o Brasil desde o início do ano.

Impacto do fenómeno El Niño

Núbia Beray, coordenadora do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Geografia do Clima (GeoClima) da Universidade Federal do Rio de Janeiro e do Observatório do Calor, explicou à Lusa que as altas temperaturas registadas nos últimos dias no país na quarta onda de calor do ano, são consequência de um El Niño intenso e dos efeitos do aquecimento global.

Segundo a investigadora, há uma relação muito direta e já documentada entre estas duas grandes questões que explicam a subida das temperaturas nas regiões sudeste e centro-oeste do Brasil, que já provocaram uma sensação térmica de mais de 58 graus em bairros da cidade do Rio de Janeiro na última terça-feira e que deverá elevar hoje as temperaturas a patamares recorde em Brasília, Goiânia, São Paulo e Vitória, de acordo com a previsão do Inmet.

"A primeira explicação para essa onda de calor é o El Niño que nesse último trimestre, entre os meses de agosto, setembro e outubro, acabou se configurando como um El Niño forte", explicou a coordenadora do GeoClima e do Observatório do Calor."Neste momento temos um El Niño forte atuando no pacífico e temos as mudanças climáticas como os elementos chave para entendermos por que o Brasil está a registar recorde de temperatura e tem tido cada vez mais ondas de calor", acrescentou.