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Haiti: confrontos entre gangues fazem dezenas de feridos e encerram hospital

O pequeno Estado caribenho está tomado pela violência dos gangues que controlam 80% da capital, com o número de crimes graves a atingir recordes, segundo a ONU.

Haiti: confrontos entre gangues fazem dezenas de feridos e encerram hospital
RALPH TEDY EROL/REUTERS

Os confrontos entre gangues no Haiti continuaram sexta-feira num enorme bairro da capital Port-au-Prince, fazendo vítimas civis e provocando o encerramento de um hospital, segundo a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF).

A morte no início da semana de um dirigente da coligação de gangues G9 desencadeou um novo ciclo de violência no bairro de Cite Soleil, a maior favela do país.

Desde segunda-feira, os MSF trataram cerca de 50 pessoas feridas nessa favela onde moram "várias centenas de milhares" de pessoas mas onde "a violência reduziu drasticamente a disponibilidade de cuidados médicos", de acordo com um comunicado da organização não governamental (ONG).

De acordo com Enock Joseph, um pastor da zona questionado pela AFP, a violência matou civis e membros de gangues.

"Os bandidos foram mortos em confrontos com a polícia" na quinta-feira, e "muito chateados" com as perdas sofridas, os "bandidos armados atacaram civis na noite de quinta-feira", declarou, acrescentando que estes “incendiaram várias casas e executaram moradores, nomeadamente uma rapariga de 16 anos que acusaram de ser informadora dos gangues rivais”.

Os serviços de urgência dos MSF na Cite Soleil são "o único estabelecimento de saúde em funcionamento na zona depois do fecho recente do hospital Fontaine por um período indeterminado", adiantou hoje a ONG.

O hospital Fontaine foi totalmente evacuado na quarta-feira depois de violentos confrontos entre gangues, que invadiram o centro hospitalar e fizeram reféns centenas de mulheres, crianças e recém-nascidos, segundo o seu diretor clínico.

O pequeno Estado caribenho está tomado pela violência dos gangues que controlam 80% da capital, com o número de crimes graves a atingir recordes, segundo a ONU.

Perante a crise de segurança e humanitária que parece não ter fim, o Conselho de Segurança das Nações Unidas deu no início de outubro o seu acordo para o envio para o Haiti de uma missão multinacional comandada pelo Quénia, com o objetivo de ajudar a polícia haitiana.

O parlamento queniano aprovou na quinta-feira o destacamento, que continua pendente de uma decisão da justiça em Nairobi.