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Acordo Israel-Hamas: "Netanyahu não coloca a prioridade nos reféns"

“Falar sequer de uma estratégia para os reféns, acho que não é propriamente alinhado neste contexto, porque Netanyahu não a tinha”, considera o especialista em História Militar, Vitaliy Velislavsky.

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O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, afirma que o acordo alcançado entre Israel e o Hamas "não inclui a libertação de assassinos". Depois do grupo islamista ter anunciado o acordo teria início esta quinta-feira, Israel afirmou que a libertação dos reféns não aconteceria antes de sexta-feira. Para o especialista em História Militar, Vitaliy Velislavsky, a análise “a análise do discurso e da retórica de Netanyahu não coloca propriamente a prioridade nos reféns” e que o acordo de cessar-fogo entre as duas partes será fruto da pressão internacional.

Sobre a estratégia militar durante este interregno no conflito, Vitaliy Velislavsky destaca as exigências do Hamas que impedem Israel de sobrevoar a Faixa de Gaza.


"Vão ter um posicionamento muito complicado, os que estão mais próximos dos combatentes do Hamas, de certeza que vai continuar a haver algumas escaramuças, combates indecisivos e pouco importantes para o desenvolvimento da campanha.

O geral e que foi uma coisa negociada dificilmente negociada entre Israel e o Hamas foi uma exigência do Hamas que Israel deixe de sobrevoar a Faixa de Gaza, sobretudo com a sua aviação de vigilância. Não havendo aviação de vigilância a sobrevoar a Faixa de Gaza, as tropas que estão no terreno estão completamente cegas, não conseguem progredir no terreno", explica.

O especialista em História Militar considera que o cessar-fogo será minimamente cumprido, mas que há evidências de que provam que para Israel é muito complicado a aceitá-lo.

Vitaliy Velislavsky aponta para a oposição interna, como é o caso da Frente Nacional Israelita que não aceita o acordo e diz que Israel “está a ser humilhado e que isto é uma calamidade para o Estado de Israel”, que consideram estar a aceitar um acordo com terroristas, o que é uma pressão muito grande para o primeiro-ministro israelita.

Vitaliy Velislavsky sublinha que Benjamin Netanyahu não está empenhado na libertação de reféns.

"A análise do discurso e da retórica de Netanyahu não coloca propriamente a prioridade nos reféns. Desde que acontece um massacre dia 7 de Outubro, Nathaniel fala em destruir politicamente o Hamas, em não permitir que que haja ameaças a Israel em alterar a arquitetura regional e os reféns vêm como: ‘bom e também os reféns’.

Foram os Estados Unidos, sobretudo, que forçaram e obrigaram Natanyahu a criar contactos com o Hamas e a aceitar um possível acordo e se não tivesse havido essa esse tipo de pressão sobre Netanyahu, continuava a retórica da guerra".

“Falar sequer de uma estratégia para os reféns, eu acho que não é, não é propriamente alinhado neste contexto, porque Netanyahu não a tinha”, conclui.