O Conselho Europeu decidiu esta quinta-feira abrir as negociações formais de adesão da Ucrânia à União Europeia com a Ucrânia e a Moldávia.
O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, considerou uma “má decisão”, disse que Hungria "não quer participar".
Para Germano Almeida, o veto da Hungria “não era novidade”.
“Significa que temos um cavalo de Tróia no nosso seio. Não é novidade, esperava-se que Orbán fizesse o papel que ontem fez, uma espécie de intruso de Putin no nosso seio".
Mas é “muito significativo” que em 27 países “ser tão claro que haja um bloco de 26 a querer avançar para esse pacote financeiro e a ter conseguido impor a Orbán o início do processo de adesão da entrada da Ucrânia e da Moldávia”.
Quando os líderes europeus estavam a tomar esta decisão, Viktor Orbán saiu da sala, embora tivesse conhecimento da votação.
“Foi uma solução criativa e alegadamente avançada por Scholz (…) houve um contornar das regras criativo, porque se a Hungria vetasse não se avançava nesse processo de adesão, mas ao não estar na Sala, Orban acaba por não estar comprometido com algo que supostamente não concordou, mas a verdade é que também não teve força para bloquear e essa foi a boa notícia".
“É curioso que nos grandes momentos da Europa, a Alemanha é quem se chega à frente para a solução. É muito significativo que a Alemanha assuma é esse pilar da UE",
Putin na sua conferência de imprensa anual em Moscovo
O Presidente da Rússia falou esta quinta-feira durante várias horas ao país. condicionou esta quinta-feira o fim da guerra contra a Ucrânia a Moscovo atingir os objetivos iniciais da ofensiva lançada há quase dois anos, incluindo a desmilitarização, "desnazificação" e neutralidade do país vizinho.
Germano Almeida destaca o facto de ter havido a conferência de imprensa anual, que não houve no ano passado. Putin “mostra que já voltou a ter condições, mostra que se sente numa posição de força”.
“A grande questão é ter voltado a argumentação inicial de invasão há 22 meses, a questão de a Ucrânia não ter direito de existir, de ser preciso desnazificar e desmilitarizar (…). Falou numa guerra civil no conflito Rússia-Ucrânia. Ora as guerras civis passam-se dentro de um mesmo país. Ou seja, Putin está de facto a assumir que a Ucrânia é sua. Isso, obviamente que não é verdade, mas ele sente que está em condições de insistir nessa narrativa falsa, fantasiosa, mas que legitima a uma invasão ilegal”.
Germano Almeida sublinha que “muito importante foi a confirmação de avançar o processo de adesão da Ucrânia”.
“É claramente a prova que a Europa, nos grandes momentos, percebe que, independentemente de ser muitas vezes uma estrutura pesada, burocrática de procedimentos e regras, e muitas vezes os Estados membros pensam essencialmente nos fundos. Mas a Europa não é um projeto de fundos, é um projeto de valores”.
"Foi uma decisão estratégica porque a Europa sabe que uma Ucrânia engolida pelo invasor russo é algo que não tem só a ver com a Ucrânia, o projeto europeu não ia aguentar do ponto de vista democrático".