O Cardeal Becciu, 75 anos, o arguido mais proeminente deste processo, foi o primeiro cardeal a ser julgado por um tribunal do Vaticano mas não esteve presente na audiência desta manhã de sábado. O Tribunal do Vaticano condenou-se a cinco anos e seis meses de prisão.
A sentença, que condena também o cardeal ao pagamento de uma multa de 8.000 euros, é o culminar de um processo envolvendo transações financeiras da Santa Sé que terão causado um "buraco" superior a 130 milhões de euros nos cofres do Vaticano.
"Respeitamos o veredito, mas não deixaremos de interpor recurso", anunciou já Fabio Vignone, advogado do cardeal italiano.
O procurador do Vaticano, Alessandro Diddi, pedia a condenação a sete anos e três meses de prisão, bem como a um total de cerca de 70 anos de prisão, desqualificação e indemnização pelos restantes crimes.
A acusação prende-se com a compra de um edifício no centro de Londres, pela Secretaria de Estado do Vaticano, quando Becciu era responsável pelos Assuntos Gerais (2011-2018), uma operação altamente especulativa que criou um buraco nas contas da Santa Sé de pelo menos 139 milhões de euros.
Mais concretamente, tratava-se de um edifício na Sloane Avenue, antiga sede dos grandes armazéns Harrods, no bairro exclusivo de Chelsea.
A acusação alegava que o edifício tinha custado à Santa Sé cerca de 350 milhões de euros, mas foi posteriormente vendido pelo Vaticano por 186 milhões de libras (cerca de 214 milhões de euros).
Além disso, a aquisição terá sido utilizada para extorquir dinheiro ao Vaticano e demonstrou a falta de transparência e as irregularidades nas contas da Santa Sé, indica a acusação.
Os outros arguidos, acusados de crimes como peculato, fraude agravada, extorsão e branqueamento de capitais são os funcionários do Vaticano René Brülhart, Tommaso Di Ruzza e Fabrizio Tirabassi, bem como o padre Mauro Carlino, antigo secretário de Becciu.