O incidente tornou-se uma anedota entre a tripulação da Estação Espacial Internacional. O astronauta da NASA Mark Rubio tinha a responsabilidade de tomar conta da experiência científica com pequenos tomates e acabou por perder um deles. Durante oito meses os seus colegas acusaram-no de o ter simplesmente comido e não querer dizer nada a ninguém.
Um mistério espacial gastronómico foi finalmente resolvido. Os restos de um minúsculo tomate perdido pelo astronauta da NASA Frank Rubio em março finalmente apareceram na Estação Espacial Internacional, mais de oito meses depois.
"O nosso querido amigo Frank Rubio, que já regressou a casa, foi durante algum tempo considerado culpado por ter comido o tomate, mas agora podemos ilibá-lo. Encontrámos o tomate!", anunciou a astronauta da NASA Jasmin Moghbeli durante um evento transmitido ao vivo a 6 de dezembro que comemorou o 25º aniversário da ISS.
Jasmin Moghbeli não explicou onde o tomate foi encontrado ou em que condições estava. (*atualização)
O tomate anão Red Robin, com 2,5 centímetros, fazia parte da colheita final da experiência Veg-05, que o próprio Rubio cuidou durante um ano.
Cada astronauta da ISS recebeu um tomate após a colheita de 29 de março de 2023, mas o de Rubio flutuou antes que ele pudesse dar uma dentada.
O enigmático incidente do tomate desaparecido tornado público
O “incidente do tomate desaparecido” foi discutido publicamente pela primeira vez a 13 de setembro, quando Rubio falou em direto da ISS para marcar um recorde inesperado para um astronauta dos Estados Unidos - um ano em órbita. (Problemas com a nave espacial russa Soyuz que deveria trazer Rubio de volta à Terra duplicaram a estadia prevista de seis meses. A questão acabou por ser resolvida com o lançamento de uma Soyuz substituta e Rubio regressou a 27 de setembro).
“Passei tantas horas à procura daquela coisa”, brincou Rubio durante a transmissão ao vivo da ISS em setembro. “Tenho certeza de que o tomate desidratado irá eventualmente aparecer e inocentar-me no futuro".
A ISS é maior do que uma casa com seis assoalhadas e, em microgravidade, as coisas podem facilmente flutuar para cantos inesperados. E numa estação com 25 anos e imenso material acumulado, é fácil perder o controlo de itens individuais.
A equipa de Rubio realizou centenas de outras experiências científicas na ISS, e o “incidente tomate” na verdade terá ajudado a saber como lidar com o inesperado no espaço quando se cultiva plantas na Lua ou em Marte, objetivo da experiência Veg-05.
Quando Rubio já estava com os pés bem assentes na Terra, cerca de duas semanas depois de regressar com os cosmonautas russos Sergey Prokopyev e Dmitri Petelin, os jornalistas perguntaram-lhe sobre o tomate perdido. Rubio lamentou que o tomate nunca tenha aparecido, apesar das “18 a 20 horas do meu tempo à procura disso”, disse, exagerado o tempo gasto com humor.
“A realidade é que a humidade lá em cima é de cerca de 17%. Provavelmente está desidratado ao ponto de ninguém perceber o que é e simplesmente tê-lo deitado fora. Espero que algum dia alguém encontre essa coisinha enrugada", acrescentou Rubio a rir.
Estação Espacial Internacional
A Estação Espacial Internacional (ISS) é o maior laboratório científico construído fora da Terra. Está em órbita há 25 anos a cerca de 400 km de altitude. O primeiro módulo foi lançado a 20 de novembro de 1998, mas a evolução é contínua. É a maior construção que o Homem fez fora da Terra numa parceria que junta nações "rivais".
A 26 de julho de 2022, a Rússia anunciou que vai deixar de operar a Estação Espacial a partir de 2024, mas em maio de 2023 acabou por concordar permanecer a bordo até 2028.
(*atualização)
Afinal foram dois os tomates perdidos e temos a foto
A NASA divulgou imagens dos dois pequenos tomates perdidos em 2022 na Estação Espacial Internacional.
A descoberta veio mostrar como a humidade de 17% a bordo afeta os alimentos, que estavam fechados num saco de plástico.
“Apesar de ter passado quase um ano após o desaparecimento inicial dos tomates, a fruta foi encontrada num saco plástico desidratada e ligeiramente esmagada. Além de uma ligeira descoloração, não apresentavam crescimento microbiano ou fúngico visível.”, revelou a NASA, sem divulgar o local exato da descoberta.
