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"Não me parece que Netanyahu" aceite a proposta de cessar-fogo do Egito

O comentador da SIC, Germano Almeida, explica os pontos principais do plano egípcio que prevê um cessar-fogo na Faixa de Gaza e prevê tempos mais difíceis para a Ucrânia sem a ajuda dos EUA e da UE.

Netanyahu
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Uma delegação do Hamas desloca-se esta sexta-feira ao Cairo para partilhar a sua posição sobre o plano egípcio que prevê um cessar-fogo que termine com as ofensivas israelitas em Gaza. O comentador da SIC Germano Almeida receia que Israel rejeite a proposta.

Israel, Hamas e a Jihad Islâmica terão recebido ontem oficialmente essa proposta do Egito. Essa proposta implica três passos sucessivos e interligados: um primeiro, um cessar-fogo renovável, um segundo, uma libertação escalonada de reféns detidos pelo Hamas em troca de prisioneiros palestinianos em Israel, a exemplo do que tinha acontecido na suspensão de armas promovidas pelo Qatar,

“E um terceiro ponto que, na minha opinião, posso estar enganado, vai completamente impedir algum tipo de acordo que é um Governo palestiniano de tecnocratas, interpalestiniano, eventualmente com diferentes fações, Hamas, Jihad Islâmica e Autoridade Palestiniana, após conversações envolvendo todas as fações palestinianas para governar e reconstruir Gaza pós-guerra”.

Germano Almeida sublinha que, enquanto Netanyahu estiver no Governo de Telavive, isso não é possível. O primeiro-ministro israelita “já garantiu que, pós operação israelita em Gaza, nem Hamas, nem Fatah poderiam estar lá, porque isso implicava um risco de segurança para Israel”.

Kiev pede ajuda internacional

O primeiro-ministro da Ucrânia pediu uma reunião urgente aos parceiros internacionais, depois do último pacote de ajuda financeira dos EUA e o bloqueio da União Europeia protagonizado pela Hungria.

"O Governo Kiev está a fazer tudo para mostrar que não há tempo a perder que não tem tempo para esperar. O primeiro-ministro diz que precisa de 37 mil milhões de euros em ajudas no próximo ano para continuar a resistência à Rússia e também para continuar a Ucrânia existir como país, a funcionar com o Estado a pagar aos funcionários.

A ministra da Economia da Ucrânia disse que, se não receberem esse apoio nos próximos meses, a Ucrânia vai ter que fazer uma decisão trágica, que é escolher entre pagar a aos seus funcionários públicos ou continuar o investimento na defesa.

Num país como a Ucrânia que está a ser atacado pela Rússia, essa é de facto uma decisão trágica e isso pode ter implicações, por exemplo, no tipo de resiliência dos cidadãos ucranianos. De algum modo, isto também é guerra híbrida. Ou seja, a Rússia sabe que, enquanto a Europa e Estados Unidos não avançarem com mais apoio, a Ucrânia ficará com menos condições de resistir. Não é só a nível militar e também na sua condição social e de resiliência.

Portanto, nas próximas semanas, os primeiros dias e semanas de 2024, Claudio, para mim vão ser decisivos para a Ucrânia. veremos que tipo de condições o Presidente terá para resolver o impasse nos Estados Unidos junto do Congresso. O Departamento de Estado já exortou o Congresso a resolver a questão depois de ativar o último pacote, acabou o dinheiro americano. Para já, em 2023, é preciso esse financiamento e a nível europeu e a Ucrânia, apesar de tudo, tenta dar algum sinal de Esperança. sinalizando

Todo o território da Ucrânia está hoje sob alerta de ataque aéreo, depois de a Rússia ter lançado hoje uma série de ataques a várias cidades, incluindo a capital, Kiev, Kharkiv (nordeste), Lviv (oeste) e Odessa (sul). Há pelo menos 12 mortos e vários feridos em várias cidades mas as autoridades afirmam que a "defesa antiaérea está a funcionar ativamente"

Encontro entre Zelensky e Orban

Para a próxima semana, está prevista uma reunião entre o primeiro-ministro da Hungria e o Presidente da Ucrânia.

“Vai ser um encontro importante, porque, embora não seja oficial ainda, a verdade é que a Ucrânia está a dar esse sinal que Zelensky e Orban podem falar pessoalmente já depois da passagem de ano. Sobre Orban, é impossível estar a antecipar que tipo de posição vai ter, até agora tem sido uma posição mal disfarçada pró russa”.

A Comissão Europeia já está a estudar alternativas caso Orban mantenha o bloqueio, que passam por duas coisas: a continuação da estrutura macrofinanceira, que este ano foi 18 mil milhões para a Ucrânia e que no próximo ano pode ser à volta de 20 mil milhões, através de financiamento dos Estados Membros que não passe por uma aprovação no Conselho Europeu. No fundo 26 em 27 Estados continuavam a ajudar a Ucrânia.

A outra alternativa é uma arquitetura muito próxima do que foi na altura da compra das vacinas, ou seja, através de emissão de garantias dos Estados membros, o recurso à banca, empréstimos, e isso também não exige a unanimidade do Conselho Europeu.