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Blinken tenta iniciar negociações com os Estados vizinhos sobre o futuro da Faixa de Gaza

Pedro Cordeiro, editor de Internacional do Expresso, refere que um dos propósitos da quarta visita de Blinken à região é a de iniciar conversações com os Estados vizinhos sobre o que vai ser o futuro da Faixa de Gaza quando acabar a guerra.

Antony Blinken com o Presidente de Israel Isaac Herzog
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O Secretário de Estado norte-americano Blinken está no Médio Oriente. Depois dos Emirados e da Arábia Saudita, está hoje em Israel onde se encontra com o Presidente, o primeiro-ministro e o gabinete de guerra israelita.

Os civis de Gaza e os receios de um alastrar do conflito são as bandeiras desta visita. Segundo Pedro Cordeiro, os EUA têm três objetivos:

“Reforçar a proteção dos civis de Gaza e insistir sempre nessa nessa tónica - que não tem sido claramente uma prioridade de Israel. Por outro lado, evitar o alastrar do conflito para uma escala regional que não conviria nada, sobretudo, às populações da região, e tão pouco ao Governo dos Estados Unidos e finalmente, uma parte de que se fala menos em público que é iniciar conversações com os Estados vizinhos sobre o que vai ser o futuro da Faixa de Gaza e como é que vai ser governada um dia que esta guerra acabe”.

Blinken já disse que a Arábia Saudita, a Jordânia, Qatar e Emirados Árabes Unidos e a Turquia concordam em trabalhar juntos para concentrar esforços nesse sentido, há um consenso nos países em torno ou pelo menos em parte deles. A maior resistência será encontrada hoje, quando Blinken se encontrar com o gabinete de guerra israelita.

“O futuro de Gaza não pode ser uma nova ocupação israelita, isso não seria aceitável nunca para as populações de lá, muito menos depois desta guerra horrível e que, embora motivada por um ataque desumano do Hamas, teve para as populações que lá estão neste momento, os civis da Palestina veem Israel como o causador da miséria em que atualmente estão”.

“Vai ter que se arranjar uma solução que seja aplicável, viável, com garantias mínimas de segurança, mas que seja também aceitável para as populações dali (…) O envolvimento de Estados como Arábia Saudita, como a Jordânia, como Egito visa também que não tenham de ser os Estados Unidos como potência externa a garantir a segurança na Faixa de Gaza”.

São conversações que vão ser difíceis porque estes países têm mostrado alguma relutância em serem demasiado afetados por aquilo que está a passar em Gaza, diz Pedro Cordeiro.

O Secretário de Estado norte-americano vai encontrar-se com o Primeiro-Ministro e, com o gabinete de guerra, a irá certamente repetir também perante o Presidente Israelita o que já ouvimos de Joe Biden que garante os Estados Unidos que estão a pressionar Israel para retirar as tropas da Faixa de Gaza.