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Equador: decretado estado de "conflito armado interno"

Posição foi assumida pelo presidente na sequência de uma série de atos de violência e pouco depois de vários homens armados terem invadido um estúdio do canal de televisão TC.

Equador: decretado estado de "conflito armado interno"
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O Presidente do Equador, Daniel Noboa, decretou estado de "conflito armado interno" e ordenou a neutralização dos grupos criminosos envolvidos no tráfico de drogas.

Num decreto presidencial divulgado esta terça-feira, o Presidente reconhece "a existência de um conflito armado interno" e ordena "a mobilização e intervenção das forças armadas e da Polícia Nacional (...) para garantir a soberania e integridade nacionais contra o crime organizado e organizações terroristas".

Daniel Noboa ordena ainda a "neutralização" de todos os grupos criminosos, listados no decreto.

A posição foi assumida pouco na sequência de uma série de atos de violência e pouco depois de vários homens armados terem invadido um estúdio do canal de televisão TC, na cidade de Guayaquil, no sudoeste do Equador e fazerem os jornalistas e outros funcionários reféns durante uma transmissão em direto.

Também o Tribunal Nacional de Justiça (CNJ) lamentou a "ofensiva do crime organizado", referindo-se igualmente a motins nas prisões nas últimas horas, incêndios a automóveis e ataques com explosivos.

Em comunicado, o tribunal afirmou que "repudia veementemente a ofensiva do crime organizado contra a vida, a liberdade e a integridade" dos cidadãos e da propriedade privada por parte de grupos criminosos.

O plenário do Supremo Tribunal de Administração da Justiça condenou os ataques e ameaças que surgiram contra o presidente do CNJ, Iván Saquicela, e a procuradora-geral do Estado, Diana Salazar.

"Estes factos revelam a reação violenta das estruturas de corrupção e crime às ações do sistema de justiça", acrescentou o tribunal.

Sublinhando que a função judicial não tem sido intimidada pela ação violenta do crime organizado, o CNJ apelou aos juízes e demais membros do sistema judicial para tomarem decisões que "contribuam para o combate à atuação de grupos criminosos e evitem a impunidade".

"Solicitamos urgentemente às autoridades do poder executivo que assegurem proteção policial e militar suficiente ao Tribunal Nacional de Justiça e aos complexos judiciais do país", acrescentou, apelando ainda à unidade de todas as instituições do Estado para enfrentar a onda de violência no país com "ações conjuntas e articuladas".

O Equador viveu esta terça-feira um dia de terror devido à atuação de grupos do crime organizado, depois de o Presidente ter decretado, na segunda-feira, o estado de emergência, que incluiu seis horas de recolher obrigatório de durante a noite, como medida para impedir a violência.

Todos os homens armados que invadiram o estúdio de televisão foram, entretanto, detidos, segundo o chefe da Polícia Nacional.

Sem revelar o número de detidos, o comandante César Zapata disse, em declarações ao canal Teleamazonas, que as autoridades apreenderam as armas e explosivos.