Os Estados Unidos e o Reino Unido lançaram uma vaga de ataques a várias localidades no Iémen, visando essencialmente alvos militares dos Houthis, como retaliação aos ataques dos no Mar Vermelho.
A NATO já afirmou que são ataques defensivos. O professor de Relações Internacionais Marcos Farias Ferreira não tem dúvidas de que “estes ataques não podem deixar de ser lidos como a continuação de um conjunto de decisões dos Estados Unidos e do Reino Unido, sobretudo em apoio de Israel, nos últimos 3 meses”.
"Torna-se óbvio que esta ação, para além de ser ofensiva ou defensiva, é claramente uma opção militar pela defesa da posição de Israel e dos seus brutais ataques nos últimos 3 meses.
É certamente uma escalada da tensão na região, que procura antes de mais garantir a chegada dos barcos petroleiros a Israel.
“Quando dizemos que é feito em nome da defesa da liberdade de comércio, não é bem assim, porque não é todo o comércio Internacional que está a ser bloqueado no estreito entre o Mar de Áden e o mar e o Mar Vermelho”.
Blinken diz que Netanyahu está no caminho do reconhecimento de um Estado palestiniano
Depois da recente quarta visita ao Médio Oriente, o chefe da diplomacia norte-americana afirmou que Netanyahu está no caminho do reconhecimento de um Estado palestiniano.
“Eu acho que isso é completamente fora da realidade. [Netanyahu] não está [no caminho do reconhecimento de um Estado palestiniano] porque aquilo que nós temos observado e as declarações do Governo, não só do primeiro-ministro, mas de vários ministros do seu Governo, vão no sentido contrário, do não reconhecimento”.
Para Marcos Farias Ferreira, “os últimos 20 anos representaram um retrocesso nesse reconhecimento do Estado palestiniano, não só do reconhecimento formal, mas também das opções políticas que inviabilizam um Estado palestiniano independente e viável”.
A reaproximação do Irão com a Arábia Saudita
Estes ataques estão a acontecer no momento geopolítico importante em que, por intermédio da China, o Irão e a Arábia Saudita tinham encetado uma reaproximação.
“A mobilização dos Estados Unidos e do Reino Unido neste momento ocorre sob o pano de fundo de uma reaproximação entre essas potências regionais e, portanto, de uma transformação geopolítica que pode ser perigosa ou que é percepcionada como perigosa para os interesses dos Estados Unidos na região”.