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Luanda Leaks: Isabel dos Santos acusa presidente de Angola de "perseguição política"

A filha de José Eduardo dos Santos foi acusada de 11 crimes e já veio a público esclarecer a sua "inocência". Para além de dizer que é tudo "uma farsa", explica que a sua nomeação para gerir a Sonangol não foi nepotismo.

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Isabel dos Santos deu esta terça-feira a primeira entrevista depois de ter sido conhecido o despacho de acusação no processo em torno da gestão da Sonangol, em que é acusada de 12 crimes.

24 horas depois de ser conhecida a acusação, Isabel dos Santos dá uma entrevista de duas horas a uma rádio angolana a partir do Dubai. A filha do ex-presidente resume em três palavras o documento onde lhe apontam a autoria de 11 crimes.

"É uma farsa, uma fachada , uma perseguição política".

À rádio angolana Essencial explica que a entrada para a petrolífera aconteceu num período de urgência financeira e que o pai, o então presidente da República José Eduardo dos Santos, não queria que assumisse funções. Sobre as acusações de que é alvo, diz que assentam em mentiras.

“São acusações e mentiras, havia uma situação de urgência, a Sonangol estava falida e eu deixei as minhas empresas com mais de 20 mil trabalhadores, empresas que eram bem sucedidas, com responsabilidades, para ir trabalhar na Sonangol”, explicou à rádio.

Isabel dos Santos explicou, também, que "o senhor presidente da república na altura, José Eduardo dos Santos, por ser meu pai tinha algum receio e não pretendia nomear-me porque não queria que viessem dizer que era uma situação de nepotismo e de favorecer a filha, não era a intenção dele".

"Eu no início não quis aceitar esta responsabilidade, foi depois de algum tempo de ver se outra pessoa podia assumir, mas havia uma situação urgente, o Estado tinha ficado sem receber dinheiro de petróleo dois, três meses, não havia tempo para ficar à procura de alguém para assumir este projeto", disse.

Isabel dos Santos rejeita ter desviado da petrolífera e causado perdas para o Estado num montante que o Ministério Público angolano calculou em cerca de 200 milhões de euros.

A empresária acha que falta uma assinatura na acusação.

Isabel dos Santos garante que vai defender-se das acusações, mas à distância. Há mais de um ano que é alvo de um mandado de captura internacional que a impede de sair do Dubai.