O ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Israel Katz, sugeriu ao chefe da agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA) que se demita, após Philippe Lazzarini alertar para o impacto dos cortes no financiamento da organização.
"Senhor Lazzarini, por favor demita-se", escreveu Katz na noite de sábado na sua conta da rede social X, em resposta a uma publicação do comissário geral advertindo que a assistência da sua organização aos refugiados palestinianos está em risco de terminar devido aos cortes nos financiamentos.
Na sua mensagem, Lazzarini referiu que a sua "operação humanitária, da qual dependem dois milhões de pessoas e as suas vidas em Gaza, está a colapsar", e acrescenta estar surpreendido "que tais decisões sejam tomadas com base no suposto comportamento de muito poucos indivíduos e, quando as necessidades se aprofundam e a fome generalizada se avizinha com o prosseguimento da guerra".
No sábado, Israel prometeu terminar com esta agência da ONU, que ao longo dos anos tem sido decisiva na ajuda humanitária à Faixa de Gaza, na sequência da polémica em torno do alegado envolvimento de alguns dos seus funcionários, sugerido pelo Governo israelita, no ataque de 7 de outubro de 2023 pelo Hamas.
ONU avançou com investigação
A ONU decidiu avançar com uma investigação para confirmar a eventual participação de funcionários da UNRWA no ataque a Israel pelo Hamas e suspendeu cerca de 12 funcionários.
A decisão dos Estados Unidos, que na sexta-feira anunciaram a suspensão temporária de toda a ajuda à agência, foi seguida por Itália, Canadá, Austrália, Reino Unido, Países Baixos, Finlândia e Alemanha.A Suíça, por outro lado, espera obter mais informações antes de tomar uma decisão sobre a sua ajuda à UNRWA.
Pelo contrário, outros países como a Irlanda reafirmaram o seu compromisso de financiar a UNRWA e recordaram a importância do seu trabalho.
"Os palestinianos de Gaza não necessitam de este castigo coletivo adicional. Isto mancha-nos a todos", disse o representante da UNRWA.
Em mensagem anterior, Katz tinha emitido duras acusações ao organismo, assegurando que "os vínculos da UNRWA com o Hamas, o fornecimento de refúgio a terroristas e a perpetuação do seu Governo são inegáveis", exigindo uma investigação aos dirigentes da agência "pelo seu conhecimento destas atividades". O ministro sentenciou ainda que “na reconstrução de Gaza, a UNRWA deve ser substituída por agências dedicadas à paz e desenvolvimento genuínos".
Com Lusa