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Coreia do Norte confirma lançamento de novo míssil de cruzeiro estratégico

As agências de segurança de Washington e Seul "estão atualmente a conduzir uma análise detalhada" desses disparos, garantiu o Estado-Maior sul-coreano.

Coreia do Norte confirma lançamento de novo míssil de cruzeiro estratégico

A Coreia do Norte anunciou que testou com sucesso um míssil de cruzeiro estratégico, parte de uma seleção de armas lançadas recentemente que, segundo analistas, podem ser destinadas à sua aliada de guerra, a Rússia, na Ucrânia.

A agência de notícias estatal da Coreia do Norte (KCNA) divulgou que o míssil, um modelo chamado "Hwasal-2", foi disparado contra o mar Ocidental na terça-feira.

Os militares sul-coreanos já haviam detetado e relatado o disparo de "vários mísseis de cruzeiro" no mar Ocidental (também chamado de mar Amarelo) "por volta das 07:00", horário local (22:00 TMG de segunda-feira), disse o Estado-Maior conjunto da Coreia do Sul, em comunicado.

A KCNA disse que os lançamentos tinham como objetivo verificar a "postura de contra-ataque rápido" do exército norte-coreano e melhorar a sua "capacidade de ataque estratégico", garantindo ao mesmo tempo que os testes "não tiveram efeitos negativos" na segurança dos países vizinhos.

As agências de segurança de Washington e Seul "estão atualmente a conduzir uma análise detalhada" desses disparos, acrescentou o Estado-Maior sul-coreano.

As relações entre Seul e Pyongyang deterioraram-se acentuadamente nos últimos meses, e o Norte intensificou os testes de equipamento militar este ano, incluindo testes do que descreveu como um "sistema de armas nucleares submarino" e um míssil balístico hipersónico de combustível sólido.

Os testes de mísseis de cruzeiro, que voam na atmosfera, não se enquadram nas sanções impostas pela ONU à Coreia do Norte, ao contrário dos mísseis balísticos, cuja trajetória é principalmente no espaço.

A Coreia do Sul e os Estados Unidos da América (EUA) sustentam que, apesar das sanções da ONU, o Norte está a enviar armas para a Rússia, possivelmente em troca de assistência técnica com o seu programa de espionagem por satélite.

"Acredita-se que a Coreia do Norte iniciou a produção em massa de mísseis de cruzeiro encomendados pela Rússia", disse Ahn Chan-il, um desertor que se tornou investigador e dirige o Instituto Global de Estudos da Coreia, à agência France-Presse.

Hong Min, analista do Instituto Coreano para a Unificação Nacional, em Seul, disse que não se pode "excluir a possibilidade" de Pyongyang estar a realizar testes de disparo de mísseis de cruzeiro destinados a serem exportados para a Rússia.

O líder norte-coreano Kim Jong-un viajou para a Rússia em setembro para se encontrar com o Presidente, Vladimir Putin, num cosmódromo. O chefe de Estado russo manifestou o desejo de visitar Pyongyang "em breve".

Num comunicado divulgado em dezembro, a agência de inteligência de Seul disse esperar que Pyongyang se envolvesse em provocações militares e cibernéticas em 2024 para atingir campanhas eleitorais nos EUA e na Coreia do Sul.

Segundo a mesma fonte, um norte-coreano pediu aos seus colaboradores no final de 2023 que "desenvolvessem medidas para causar grande excitação na Coreia do Sul" no início de 2024.