Depois do Presidente da Ucrânia, Volodymir Zelensky, ter anunciado que tinha demitido o General Valery Zaluzhny, chefe das Forças Armadas, substituindo-o por Oleksandr Syrsky, os principais opositores contestaram a sua decisão.
Oleksi Goncharenko, um dos membros mais ativos do partido de centro-direita Solidariedade Europeia, do antigo Presidente Petro Poroshenko, descreveu a decisão de Zelensky de demitir Zaluzhny como um "enorme erro".
"A demissão pode representar riscos para o país. Todos pagaremos por este erro", escreveu o deputado da região de Odessa, que elogiou o trabalho do chefe das Forças Armadas, que, segundo o deputado, não será compreendido nem pela sociedade ucraniana nem pelos parceiros internacionais de Kiev.
A antiga primeira-ministra e líder do partido Pátria, Yulia Timoshenko, também prestou a sua homenagem ao antigo chefe.
“Milhões de pessoas falam de honra e dignidade. Obrigado, Sr. General (Zaluzhny)!”
Inna Sovsun, membro do partido europeísta ucraniano de centro liberal Golos (Voz), afirmou esta sexta-feira que o Presidente ucraniano tem o direito de decidir sobre o comando do Exército, mas criticou a forma como a substituição foi comunicada e explicada.
"O Presidente deve explicar direta e abertamente porque o fez", escreveu Sovsun, alertando para o risco de os rumores e especulações "alegadamente alimentados" pelo gabinete do chefe de Estado antes da oficialização da demissão poderem vir a afetar a unidade do país em plena guerra.
"A comunicação oficial é vaga e incoerente. Os canais anónimos da rede de mensagens digital Telegram não a vão substituir, mesmo que alguns deles sejam controlados pelas autoridades ucranianas", acrescentou Sovsun, referindo-se a alguns dos canais que há dias fazem insinuações sobre a mudança no Exército.
O presidente da Câmara de Kiev, Vitali Klichko, adotou uma posição semelhante.
"Espero que as autoridades justifiquem estas mudanças perante a sociedade", escreveu o autarca, que tem criticado nos últimos meses as posições de Zelenski face ao Exército, considerando o chefe de Estado "individualista e autoritário".
Klichko alertou para as possíveis consequências que a substituição de Zaluzhny pode vir a ter nas relações da Ucrânia com os parceiros estrangeiros e perante a própria sociedade ucraniana.
"A unidade da sociedade exige autoridades em quem confiar", observou.
De acordo com uma sondagem publicada em dezembro, 88% dos ucranianos mantinham confiança no general Zaluzhni. Na mesma pesquisa, 62% por cento dos inquiridos disseram confiar em Zelenski.
O influente jornalista ucraniano Vitali Portnikov também criticou na quinta-feira a demissão de Zaluzhni, afirmando que Zelenski "deitou fora", de forma irresponsável, o capital de confiança do general no Exército e perante a sociedade ucraniana.
Com Lusa