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Ofensiva em Rafah: "Israel está a perder a razão que teria"

Na análise aos últimos desenvolvimentos do conflito no Médio Oriente, Germano Almeida critica a posição do Governo israelita, mas lembra: "Não nos podemos esquecer do essencial, a razão para os reféns ainda serem reféns não está em Israel, está no Hamas.

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O primeiro-ministro israelita diz que vai manter a pressão militar sobre Gaza como forma de libertar os reféns. As declarações surgem depois das forças israelitas terem conseguido resgatar dois reféns numa operação em Rafah, no sul do território. Benjamin Netanyahu saudou os militares que estiveram na operação e diz que Israel vai continuar a aproveitar todas as oportunidades para libertar reféns. Uma posição cada vez mais divergente da aconselhada pelos Estados Unidos, como sublinha o comentador da SIC, Germano Almeida.


"É o momento da verdade. Mais um para Netanyahu que claramente está a ir por uma via, na minha opinião, errada, porque se tinha razão e mais do que razão, necessidade, para a 7 de outubro iniciar uma operação de destruição da capacidade militar do Hamas em Gaza, os EUA deram-lhe toda a razão nesse sentido, na altura.

Está a perder as condições de ter esse apoio na expetativa é que está a insistir numa ofensiva terrestre que, de acordo com informações americanas e egípcias, estará por no máximo uma a duas semanas, em Rafa, numa zona muito próxima, já fronteira e fronteiriça à região com o Egito e que vai colocar ali uma situação muito complicada do Egito. Considera, aliás, que uma operação terrestre israelita em grande escala em Rafah será uma violação do direito internacional", explica Germano Almeida.

Sobre a relação da Jordânia e do Egito neste momento, nomeadamente em relação a esta ofensiva de Israel, o comentador da SIC explica o entendimento que existe entre os dois dois países.

“Ambos têm um problema claro que são as fronteiras de Gaza e, portanto, ambos têm em pontos diferentes aquilo que tem a ver com as consequências da ofensiva realista, ambos têm um interesse em travar a ofensiva Israelita e ambos estão articulados no essencial nos esforços diplomáticos do que foram, por exemplo, os périplos de Blinken”, realça.

Aliados na travagem à Rússia, separados em relação a Israel

Germano Almeida destaca ainda as divergências entre EUA e União Europeia face à posição israelita.

"Cada vez mais se nota uma divergência entre a posição americana e Israelita, o que se nota claramente é uma divisão entre a posição europeia e americana quanto a Israel, isso desde o início e agora cada vez mais.

Chamo a atenção para que a União Europeia está contra a posição americana pois os americanos dizem a Israel para travar a sua ofensiva em Rafah, mas continuam a fornecer armas a Israel.

Os grandes aliados da Ucrânia na travagem à Rússia, Estados Unidos e União Europeia, estão separados em relação a esta questão. Isto, na minha opinião, no atual momento e na articulação das duas guerras, é dramático", realça o comentador da SIC.

Em conclusão, Germano Almeida considera que "Israel tem toda a culpa pela forma como está a fazer isso e está a perder a razão que teria na existência desta situação, mas não nos podemos esquecer do essencial: a razão para os reféns ainda serem reféns não está em Israel, está no Hamas".