Mundo

Análise

"O Irão é a máquina por trás disto tudo, livre-nos Deus que apareça com a arma nuclear"

O especialista em estratégia e história militares, coronel José Henriques, alerta para a capacidade nuclear do Irão e da ameaça da Rússia e faz uma análise à ofensiva israelita em Gaza.

Exercício militar do Exército do Irão com o lançamento de um míssil a 19 de janeiro de 2024.
Loading...

Os riscos que se colocam perante a capacidade nuclear de países como o Irão e a Rússia analisados pelo especialista em estratégia e história militares, coronel José Henriques.

Perante uma notícia que surgiu nos últimos dias de que a Rússia está novamente a concentrar-se na Guerra das Estrelas, que se falava há uns anos, e que está a pretender colocar capacidade atómica no espaço, o coronel José Henriques considera que "para todos nós é um risco grande, sobretudo, para os nossos sistemas de comunicações" e explica o que poderá acontecer.

“Porque um rebentamento nuclear que eles possam fazer para destruir todos os nossos satélites de comunicações ou grande parte deles tem também um reflexo daquele primeiro efeito das explosões nucleares, que é o ‘electromagnetic pulse’, que faz a paralisação de tudo quanto são as instalações elétricas, as ligações de rádio, tudo o mais”.

O coronel José Henriques refere que não se sabe até que ponto os russos estão na realidade aptos para fazerem isso, mas os americanos estão perfeitamente conscientes desse risco.

Ofensiva no sul da Faixa de Gaza

O facto de Israel insistir na ofensiva no sul da Faixa de Gaza acarreta “vários riscos até para Israel e para a segurança na região”.

Depois da guerra de 1967, o Sinai ficou na posse de Israel. A Conferência de Camp David fez com que o Egito tenha aceitado Israel e Israel devolveu ao Egito o Sinai.

“Neste momento, a questão em Rafah é que está encostada à fronteira do Egito e o Egito já avisou que pode romper as ligações de Camp David com Israel, motivado pela possibilidade de uma catástrofe humanitária que todo mundo árabe a que, afinal de contas, o Egito pertence, está a condenar”.

Só que “Israel está pressionado externa e internamente".

"Internamente, todos aqueles sionistas radicais que apoiam Netanyahu, o que eles pretendem é Israel do rio até ao mar. Mas, por sua vez, do lado do Hamas e de quem o apoia, fundamentalmente o Irão, o que eles pretendem é a Palestina do rio até ao mar, com a extinção do Estado de Israel”.

Mais: “o Hamas disse que, independentemente de tudo quanto possa suceder, não liberta os reféns todos”. Mais ainda: “as condições impostas pelo Hamas são não só a sua presença em Gaza, como a saída de todas as forças israelitas de Gaza e um cessar-fogo permanente imediato”.

Ou seja, “a capitulação de Israel e nem Netanyahu e na verdade nem os aliados de Israel pretendem uma coisa dessas.”

Aliados de Israel insistem na proteção dos civis

Admitindo ser “extremamente difícil numa guerra evitar as baixas colaterais”, o coronel José Henriques salienta a especificidade deste conflito entre Israel e o Hamas.

“O Hamas emprega de uma forma criminosa escudos humanos. Israel, também de uma forma pouco ética para nós, está a empregar o recurso ao bombardeamento, quase de atapetar o chão à procura de abater os homens do Hamas, só que abate também os escudos humanos”

“Tem que haver o fim desta coisa toda para evitar uma catástrofe humanitária. Não há dúvidas nenhumas que nós, em pleno século XXI, não podemos admitir uma situação em que desgraçados, pobre gente que é vítima dos ataques israelitas, é vítima da chantagem emocional do Hamas, tem os seus filhos entregues praticamente ao Hamas para serem treinados como terroristas”.

“Cuidado com os aiatolas e a arma nuclear”

“O Irão é a máquina que está por trás disto tudo e cuidado. Livre-nos Deus que eles apareçam, que o diabo seja cego e mudo, com a arma nuclear. Cuidado com os aiatolas e a arma nuclear”.

O coronel José Henrique avisa que o Irão já tem essa capacidade e que já têm vectores de lançamento.

"A Coreia do Norte são malucos e patifes suficientes para lhes darem vectores de lançamento, para já não falar dos patrões deles, aquela rapaziada de Moscovo. Cuidado com isto, muito cuidado com isto".