O Kremlin rejeitou esta terça-feira as acusações “grosseiras e infundadas” feitas pela viúva de Alexei Navalny, que afirmou no início da semana que Vladimir Putin tinha mandado matar na prisão o seu marido, um dos principais opositores do regime russo.
"Obviamente, tratam-se de acusações totalmente infundadas contra o chefe de Estado russo, mas dado que Yulia Navalny ficou viúva há alguns dias, não vou comentar", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
Peskov insistiu que as acusações contra o líder russo "baseiam-se em nada".
De qualquer forma, o porta-voz da Presidência russa garantiu que Putin não viu a mensagem divulgada pela viúva.
O porta-voz do Kremlin acrescentou ainda que Moscovo rejeita completamente as exigências de uma investigação internacional sobre a morte de Navalvny, "sobretudo" se vierem do chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell.
O que disse a viúva de Navalny?
Numa mensagem de vídeo divulgada no YouTube na segunda-feira, Yulia Navalnaya acusa Putin de ter matado o marido, promete continuar a luta por uma Rússia livre e apela aos seus apoiantes para combaterem o Presidente com mais fúria que nunca.
“Há três dias, Vladimir Putin matou o meu marido, Alexei Navalny. Putin matou o pai dos meus filhos”.
Navalnaya acusa as autoridades russas de esconderem o cadáver de Navalny e de esperarem que vestígios do agente nervoso Novichok desapareçam do seu corpo.
"Vou continuar o trabalho de Alexei Navalny. Continuarei a lutar pelo nosso país. E apelo a todos para estarem ao meu lado (...). Não é uma vergonha fazer pouco, é uma vergonha não fazer nada, é uma vergonha deixarmo-nos amedrontar".
Kremlin diz que investigação está “em curso”
Também na segunda-feira Peskov disse que a investigação sobre a morte de Navalny está a decorrer e a ser conduzida de acordo com a lei russa.
A equipa do opositor disse que os investigadores vão realizar uma perícia ao corpo durante pelo menos 14 dias antes de o entregar à família.
Alexei Navalny, de 47 anos, morreu na sexta-feira, numa prisão do Ártico para onde tinha sido transferido em dezembro para cumprir uma pena de 19 anos sob "regime especial", segundo o serviço penitenciário federal da Rússia.
Ter-se-á sentido mal depois de uma caminhada, entrou em paragem cardiorrespiratória e os médicos da prisão e os dos serviços de socorro que acorreram à prisão não conseguiram reanimá-lo, indicou a direção do estabelecimento.