A esposa de Navalny discursa em Estrasburgo, a convite do Parlamento europeu. Yulia garante que o marido foi morto por Vladimir Putin, que acusa de "ser capaz de tudo".
A mulher do ativista começa por abordar a “primeira tentativa de assassinato” a que Navalny foi sujeito, na Alemanha, em 2020. Yulia relata que o ativista político, na época, teve, inclusive, de voltar a aprender a andar.
Lembra a visita que fez com a família a Estrasburgo, há três anos:
“Agora, o meu marido está morto. Eu estou de volta a Estrasburgo, mas já não passeio com a minha família”.
Lamenta o facto de o processo de marcação das cerimónias fúnebres - agora agendadas para sexta-feira - ter demorado imenso tempo, por conta das sucessivas “negas” dadas pelas funerárias de Moscovo. Refere ainda que as autoridades russas dificultaram o processo de libertação do cadáver.
"Putin não chegou a lado nenhum”
Menciona ainda a guerra “brutal” que Putin “iniciou” na Ucrânia há dois anos.
“Dois anos passaram. A exaustão é muita, o sangue é muito e a desilusão é muita. Putin não chegou a lado nenhum”, declara.
Yulia está convicta de que o líder russo “matou” Navalny, que, durante três anos, “foi torturado”. Conta que o líder da oposição não podia contactar a família nem por telefone, nem por carta. Para a esposa do falecido, a morte de Navalny demonstra que “Putin é capaz de tudo”.
Navalnaya constata que muita gente ficou “em choque” com a morte do marido e que, agora, são muitos aqueles que mostram preocupação com a possibilidade de o Presidente russo poder “não ser derrotado”.
Diz que Navalny inspirou muitas pessoas e que encontrou soluções mesmo depois de ter sido banido da televisão russa e de lhe ter sido negado o direito ao voto.
"Mesmo no gulag (campo de trabalhos forçados na Rússia) de Putin, Alexei conseguiu transmitir ideias para projetos que deixariam o Kremlin em pânico", acrescenta.
“Têm de deixar de ser aborrecidos”
Lembra que o chefe de Estado russo não será verdadeiramente afetado por sanções e deixa um apelo ao Parlamento europeu:
“Esta é a resposta à pergunta. Se queres realmente derrotar Putin, têm de se tornar um inovadores. E têm de deixar de ser aborrecidos. Não se pode derrotar Putin com outra resolução ou outro conjunto de sanções que não seja diferente dos anteriores. Não se pode derrotá-lo pensando que é um homem de princípios, que tem moral e regras”.
Prossegue dizendo que “dezenas de milhões” de russos estão contra o líder da nação, que “deve responder pelo que fez” à Rússia, à Ucrânia e a Navalny.
Para concluir deixa uma promessa:
"O meu marido nunca verá como será a bela Rússia do futuro, mas nós temos de a ver. E eu farei tudo o que estiver ao meu alcance para que o seu sonho se torne realidade, para que o mal caia e para que esse belo futuro chegue".