Apesar de haver duas versões distintas sobre o que aconteceu no norte de Gaza durante a tentativa de distribuição de ajuda humanitária, há alguns factos que são conhecidos.
Um deles é que os camiões de apoio humanitário chegaram ao destino durante a madrugada desta quinta-feira. Apesar da hora, uma multidão convergiu para a zona e terá havido tentativa de saques.
De acordo com Telavive, as forças israelitas que estavam num posto de controlo, sentindo-se ameaçadas pela multidão em desordem, terão disparado.
Israel diz que os disparos provocaram 10 mortes e sublinha que dezenas de pessoas terão morrido vítimas do caos, muitas delas atropeladas pelos camiões de distribuição de ajuda.
O Hamas diz que as vítimas caíram atingidas pelos disparos de soldados israelitas.
Os acontecimentos desta madrugada vêm sublinhar as carências e desespero crescente da população de Gaza, sobretudo da que está no norte do território, onde por falta de condições de segurança, a ajuda chega a conta-gotas e a fome alastra.
No sul, sobretudo na zona de Rafah, onde se concentra agora a maior parte da população, a situação também é crítica, sobretudo, na cidade de tendas, onde desesperança alastra.
“Durante as tréguas, homens da nossa cidade enviaram-nos um vídeo da nossa casa. Rebentaram com ela. Só sobrou a chave”, contou um sobrevivente.
A esmagadora maioria da população não terá uma casa para onde regressar. Ibrahim Ahmed também é deslocado, sonha com a reconstrução. Antes da guerra, ou pelo menos entre guerras, construía casas, agora faz sepulturas no cemitério de Rafah.
De acordo com o último balanço de vítimas, desde 7 de outubro morreram em Gaza 30 mil pessoas e mais de 10 mil permanecem desaparecidas.