A diplomacia ucraniana alertou, esta quinta-feira, para a "interferência externa destrutiva" de que é alvo a Transnístria, região separatista pró-russa na Moldávia, que pediu proteção de Moscovo.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano apelou numa declaração para "uma resolução pacífica das questões económicas, sociais e humanitárias [entre Moldávia e Transnístria] , sem qualquer interferência externa destrutiva", em alusão à Rússia.
"Estamos a fazer e continuaremos a fazer todos os possíveis para (...) evitar qualquer tentativa da Rússia de desestabilizar a Moldávia ou outros países da nossa região", acrescentou o Ministério, que disse estar "a acompanhar de perto os últimos desenvolvimentos". A diplomacia ucraniana também pediu "a rápida retirada das tropas russas" da Transnístria.
A Rússia mantém 1.500 militares no território, segundo os números oficiais, envolvidos numa missão de manutenção da paz.
As autoridades da Transnístria aprovaram, esta quinta-feira, uma declaração oficial que pede a proteção da Rússia face à Moldávia, que adotou recentemente medidas de retaliação económica contra este território.
Apelam a Moscovo que tome medidas para ajudar a economia do território a resistir às recentes pressões do governo pró-europeu da Moldávia.
Os deputados da Transnístria reuniram-se oficialmente para abordar questões económicas, numa altura em que têm surgido alegações sobre um pedido de unificação deste território com a Rússia, exacerbadas pelas tensões com a vizinha Ucrânia, país invadido pela Rússia em fevereiro de 2022.
Rússia dará prioridade à proteção da população
Em resposta, a Rússia afirmou que dará prioridade à proteção da população da Transnístria.
"Proteger os interesses dos residentes da Transnístria, os nossos compatriotas, é uma das prioridades. Todos os pedidos são sempre cuidadosamente considerados pelos órgãos russos relevantes", declarou o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia.
A Rússia acusa ainda a NATO de tentar transformar a Moldávia numa segunda Ucrânia, sem pensar nas consequências. Diz que a aliança não está a ter em conta a vontade da maioria da população moldava, apesar da neutralidade do país e da proibição do envio de forças militares estrangeiras para o território.
A Moldávia criticou as iniciativas das autoridades da região separatista pró-russa, tendo o vice-primeiro-ministro moldavo, Oleg Serebrian, declarado, na rede social Telegram, que o Governo "rejeita a propaganda vinda de Tiraspol" capital da autoproclamada república da Transnístria.
Na sua mensagem, o governante acrescentou que a região beneficia de "políticas de paz, segurança e integração económica" como parte dos seus laços com a União Europeia.
As tensões na região têm suscitado inquietações nos estados vizinhos e esta quinta-feira o primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, disse não estar surpreendido com "a ameaça de intervenção russa, ou pelo menos de provocação", mas avisou que este gesto "mostra o quão perigosa é a situação, e não apenas para a Ucrânia".
Transnístria e Moldávia de relações cortadas desde os anos 90
A Transnístria, uma estreita faixa de terra situada entre a Moldávia e a Ucrânia, declarou a secessão após um breve conflito em 1992 contra o Exército moldavo.
No decurso de uma consulta pública em 2006, cujo resultado não foi reconhecido internacionalmente, a população local votou por larga maioria (97,1%) a favor da unificação com a Rússia. Desde o início da invasão russa da Ucrânia, têm surgido alusões sobre uma eventual expansão do conflito à Transnístria.
Em 2023, as autoridades deste estado autoproclamado acusaram designadamente Kiev de pretender atacá-lo, após terem afirmado que preveniram em março um atentado contra os seus dirigentes.
Na semana passada, o Ministério da Defesa russo assegurou que a Ucrânia preparava uma "provocação armada" contra a Transnístria.
O território, que percorre o rio Dniestr e conta oficialmente com 465.000 habitantes na maioria russófonos, não é reconhecido como Estado pelas instâncias internacionais, incluindo por Moscovo.
Com Lusa