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Biden diz estar "a analisar" pedido da Austrália para arquivar caso contra Assange

O fundador do portal Wikileaks foi acusado de 17 crimes de espionagem e de um de utilização indevida de computador pela divulgação há quase 15 anos no seu 'site' da Internet de documentos confidenciais dos Estados Unidos.

Biden diz estar "a analisar" pedido da Austrália para arquivar caso contra Assange
Jack Taylor

O Presidente norte-americano, Joe Biden, declarou esta quarta-feira que os Estados Unidos "estão a analisar" o pedido do Governo australiano para arquivar o processo judicial contra o fundador do portal Wikileaks, Julian Assange, pela divulgação de documentos confidenciais.

"Estamos a analisá-lo", respondeu Biden a uma pergunta da imprensa sobre o caso, durante a visita oficial à Casa Branca do primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida.

Em meados de fevereiro, o parlamento australiano votou a favor de solicitar aos Estados Unidos e ao Reino Unido a libertação de Assange, detido em Londres desde abril de 2019, depois de quase sete anos refugiado na embaixada do Equador na capital britânica.

Com a mudança de Governo no Equador, as novas autoridades do país sul-americano permitiram a entrada da polícia britânica na sua representação diplomática para deter o ativista, programador de computador e jornalista australiano de 52 anos.

Desde então, este encontra-se à espera de uma possível extradição para os Estados Unidos, onde é acusado de espionagem, pela divulgação 'online', em 2010, de uma grande quantidade de documentos confidenciais sobre as atividades militares e diplomáticas dos Estados Unidos, nomeadamente no Iraque e no Afeganistão.

As acusações de Assange

Retirado à força da embaixada do Equador em Londres a 11 de abril de 2019, Assange tinha-se ali refugiado em 2012 para evitar ser extraditado para a Suécia, onde era judicialmente perseguido por uma acusação de violação, entretanto abandonada e, sobretudo, para os Estados Unidos, cuja justiça o acusava de pirataria informática e depois o indiciou ao abrigo de leis anti-espionagem datadas de 2017.

Assange foi acusado de 17 crimes de espionagem e de um de utilização indevida de computador pela divulgação há quase 15 anos no seu 'site' da Internet de documentos confidenciais dos Estados Unidos.

Os procuradores norte-americanos alegam que Assange encorajou e ajudou a analista dos serviços secretos do Exército norte-americano Chelsea Manning a roubar correspondência diplomática e ficheiros militares que o Wikileaks publicou, pondo vidas em risco.

A Austrália argumenta que existe uma discrepância entre o tratamento dado aos casos de Assange e Manning: o então Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, comutou a sentença de 35 anos de prisão a que Manning foi condenada para sete, o que permitiu a sua libertação em 2017.

A 26 de março deste ano, a justiça britânica pediu aos Estados Unidos novas garantias sobre o tratamento que estaria reservado para Julian Assange se este fosse extraditado, permitindo-lhe, se estas não fossem fornecidas, apresentar um último recurso contra a extradição.